30 agosto 2019

APREENSIVO: FHC chama Bolsonaro de autoritário e vê conivência com tragédia ambiental


Fernando Henrique Cardoso estava no último final de semana em Buenos Aires, Argentina, para uma série de palestras, quando dirigiu-se ao quarto do hotel e ligou a televisão. “Só falavam da Amazônia ardendo. Os jornais do mundo inteiro também só falavam nisso”, disse o ex-presidente. A apreensão lhe consumiu. Mais ainda quando viu as reações de Jair Bolsonaro à crise ambiental sem precedentes: o presidente procurava negar a gravidade da situação, afirmando que o desmatamento era menor do que realmente é e que os incêndios florestais não seriam significativos. “Quando o presidente dá a sensação de que vale tudo, o pessoal toca fogo mesmo”, lamentou FHC. Para quem já enfrentou a questão ambiental na Amazônia com mais rigor quando foi presidente, Fernando Henrique disse, em entrevista exclusiva à ISTOÉ, que Bolsonaro é conivente, pelo menos verbalmente, com a tragédia que está queimando as florestas no Norte do país. “Bolsonaro não está tendo uma postura de presidente, de estadista”, afirmou o tucano. Aos 88 anos, o ex-presidente teme que a crise ambiental possa levar os países desenvolvidos, sobretudo os europeus, a impor retaliações comerciais aos produtos agrícolas brasileiros. Mas essa não é a única preocupação. Fernando Henrique está angustiado com os discursos polêmicos de Bolsonaro. “Essas disputas ideológicas são arcaicas”, diz FHC, para quem as controvérsias desarticulam também a base no Congresso, que acaba de dar uma grande vitória ao governo, com a aprovação da Reforma da Previdência na Câmara. “Tudo muito graças ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia”, reconheceu. Para ele, ao manter a polarização política, Bolsonaro atrapalha as reformas, a recuperação da economia e a própria democracia. Segundo o ex-presidente, Bolsonaro adota posturas autoritárias. Em breve, o País pode ficar em xeque novamente. “Estamos vendo a volta de um tipo de monarquia”, disse ele enquanto manuseava peças de xadrez. Como presidente de honra do PSDB, FHC não participa mais da vida orgânica do partido, mas mostra-se atento à necessidade de refundação da sigla. Dessa forma, o ex-presidente já vislumbra a sucessão presidencial em 2022: acha que o governador de São Paulo, João Doria, é o único nome do partido para a disputa e que o apresentador Luciano Huck tem chances de vencer desde que simbolize algo para o País. “Se simbolizar, ele leva”, vaticina.
Compartilhar:

Outras postagens

0 comments:

Postar um comentário

Copyright © 2025 Blog do Monteiro | Powered by Blogger
Design by SimpleWpThemes | Blogger Theme by NewBloggerThemes.com