A esquizofrenia é um transtorno mental
crônico, devastador e caracterizado por originar pensamentos e experiências que
não têm ligação com a realidade. Os pacientes sofrem com diversos estigmas e
preconceitos. Para esclarecer pontos importantes sobre a doença, o psiquiatra
Wagner Farid Gattaz fala sobre alguns mitos e verdades sobre a esquizofrenia.
Confira!
1. É possível identificar sinais que podem
indicar o surgimento da esquizofrenia? Sim. Em geral, 80% das
esquizofrenias começam por um certo alheamento em relação às circunstâncias que
rodeiam o paciente. São sintomas que ocorrem mais no íntimo dos indivíduos e
causam menos impacto nos outros – isolamento, olhar perdido, indiferença. É uma
fase caracterizada por muita tensão e ansiedade. A pessoa sente que algo está
acontecendo, mas não sabe dizer o que é. O quadro de alucinações e de delírios,
que chama mais atenção, surge mais tarde.
2. O consumo de
drogas pode estar associado ao surgimento da doença? Sim. Sabe-se que alguns agentes
são gatilhos importantes para o início das alterações cerebrais e para o
posterior aparecimento dos sintomas da doença. O uso de drogas e o tabagismo
estão entre esses fatores de risco.
3. Pessoas com o
transtorno perdem a capacidade de ter emoções? Não. Os pacientes com
esquizofrenia seguramente sentem, mas têm dificuldades de expressar seus
sentimentos. Por isso as pessoas tendem a interpretar que eles não possuem mais
a capacidade de ter emoções. No seu íntimo, no entanto, sofrem, com essa
limitação.
4. A esquizofrenia
impacta a vida sexual do paciente? Sim. O paciente com esquizofrenia
apresenta um estado de depressão e de desmotivação que causa a perda da libido,
que é a vontade e o interesse pelo prazer. Mesmo que as condições fisiológicas,
hormonais e vasculares estejam em perfeito funcionamento, o desejo sexual fica
comprometido e deixa de ser acionado quando há um problema no psiquismo.
5. O interesse por
temas exóticos é uma característica da doença? Sim. Alguns pacientes com o
transtorno podem apresentar interesse por temas exóticos, místicos e
religiosos, assim como qualquer outra pessoa. A diferença, neste caso, é que o
assunto passa a dominar o dia a dia do paciente. A ocorrência de dúvidas sobre
sua existência também é comum no início dos sintomas.
6. Pacientes com
esquizofrenia são desatentos e têm dificuldades de memória? Sim. As pessoas com tendência de
desenvolver a enfermidade podem apresentar, problemas de concentração, memória
e de aprendizado, que levam a uma diminuição da capacidade de raciocínio
lógico. Apresentam tambem sintomas de ansiedade, como palpitações, taquicardia,
falta de ar e inquietação. Por esse motivo, muitas vezes a esquizofrenia é
confundida inicialmente com depressão ou outras desordens como pânico e
transtorno obsessivo-compulsivo.
7. Mudanças na
aparência e nos cuidados com a higiene são comuns na esquizofrenia? Sim. É possível que eles apresentem
uma negligência na higiene básica por apresentar um quadro de desmotivação,
passando a vestir roupas inapropriadas ou sujas. Além disso, o paciente também
descuida da alimentação.
8. A violência é
um comportamento constante do transtorno? Não. Pessoas com esquizofrenia podem ter
momentos de agressividade, quando em crise, mas em 93% dos casos, não são
violentas. O que ocorre mais frequententemente é que pacientes com
esquizofrenia, principalmente aqueles que vivem com habitantes das ruas, sejam
vítimas da violência urbana.
9. O objetivo do
tratamento é acalmar o paciente? Não. A cessão dos sintomas é um dos
aspectos relacionados ao tratamento da esquizofrenia, mas a abordagem deve
visar à retomada da funcionalidade do paciente para o restabelecimento da sua
vida social. Por isso, quanto mais precocemente a esquizofrenia for tratada,
menos danos trará aos doentes. Não só porque o início precoce impede que a
doença provoque danos mais sensíveis na personalidade do paciente, mas também
porque evita que ele abandone sua rotina de vida.
10. A
esquizofrenia é uma condição de difícil tratamento? Não. Nas últimas décadas, houve grande
avanço no tratamento da esquizofrenia. A medicação é a base da terapia. Ela
tanto controla a crise na fase aguda da doença, como ajuda a prevenir recaídas,
com o uso de medição por um longo prazo. Apesar de essa necessidade de
tratamento prolongado ser bem reconhecida pelo médico, frequentemente, não é
sempre bem aceita pelos pacientes, que acabam interrompendo a medicação, já que
se sentem bem e não veem motivo para continuar tomando o remédio. Em alguns
casos, a introdução das terapias de ação prolongada, de uso injetável, é uma
alternativa para possibilitar maior adesão ao tratamento desse perfil de
paciente, pois a aplicação pode ter um espaço de semanas.
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