04 setembro 2016

Temer pede corte em social, mas verba para militares aumenta

O governo Temer teve início nesta quarta-feira (31). Não somente pela destituição do cargo de Dilma Rousseff, mas porque, naquela mesma tarde, chegou ao Congresso Nacional a proposta confeccionada pela nova equipe econômica para a distribuição do dinheiro federal para o ano de 2017, o chamado Orçamento da União. Fazendo uma análise aprofundada da lista de programas de governo, em comparação à proposta apresentada em 2015, pela ex-presidente petista, a tese defendida publicamente pelos peemedebistas e apoiadores do impeachment de que o novo governo não iria deixar os programas sociais em segundo plano cai por terra. De acordo com o site The Intercept Brasil, sinais já haviam sido dados sobre esta questão, com extinção de pastas da área, e gerado reação em setores progressistas da sociedade. O que se vê na avaliação do Orçamento vai além. Michel Temer acaba de propor ao Congresso a redução média de 30% nos valores para os 11 principais programas da área social do governo, já considerando a inflação do período (variação do IGP-M dos últimos 12 meses). São R$ 29,2 bilhões a menos para esse conjunto de programas (depois de aplicada a taxa de inflação no período), comparado ao que Dilma, já sob efeito da crise econômica, apresentou ao Congresso no ano passado. A queda real é de 14%. Simpatizantes do novo governo podem argumentar que, neste momento, essa redução é natural, visto que o país precisa apertar seus gastos. No entanto, as despesas previstas pelo governo para este ano são da ordem de R$ 3,4 trilhões – cerca de R$ 158 bilhões a mais (crescimento de 4,8%) que o previsto por Dilma um ano atrás. Se aproximarmos os olhares, o argumento perde ainda mais força. Enquanto optou por diminuir as verbas sociais, o governo aumentou, por exemplo, em R$ 1,47 bilhão as verbas programadas para ações relacionadas ao desenvolvimento do agronegócio (R$ 1,3 bilhão), a investimentos militares (R$ 175 milhões), a obras em aeroportos (R$ 186 milhões), além de ações de política nuclear e espacial, e de política externa, que agora são lideradas por José Serra (PSDB).
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