"Às vezes tem um suicida na sua frente e você não vê".
Foi o que escreveu num pedaço de papel o motoboy que se atirou dias atrás do
17º andar do Fórum Trabalhista de São Paulo. Ele levou junto o filho de 4 anos,
para perplexidade da família e dos amigos. O trágico bilhete resume uma questão
incômoda. Quem experimenta um sofrimento profundo, daqueles difíceis de
suportar, não sabe por vezes como lidar com tanta dor. Em boa parte dos casos
se recolhe, omite a opressão que vai no peito e inicia uma jornada solitária
que parece sem volta. Essa situação é mais frequente do que se imagina. E por
falta de informação, muitos não conseguem imaginar que haja uma saída.
A
Organização Mundial da Saúde afirma que em pelo menos 90% dos casos o suicídio
é prevenível, porque está associado a psicopatologias diagnosticáveis e
tratáveis, principalmente a depressão. A tristeza faz parte da vida, e nos
ajuda crescer emocional e espiritualmente. A tristeza persistente inspira
cuidado e atenção. Pessoas deprimidas tendem a se isolar, não interagem socialmente,
parecem desmotivadas, anestesiadas, sem iniciativa. Por vezes chegam a
verbalizar o quanto a vida lhes parece um fardo. Quem passa por essa
experiência difícil - e principalmente parentes, amigos e pessoas próximas -
devem prestar atenção aos sinais e, se for o caso, procurar ajuda.
Há opções
de assistência gratuita nos Caps (Centros de Atenção Psicossocial) e nos
serviços oferecidos por universidades ou entidades classistas ligadas a
psiquiatras e psicólogos. Mesmo quando se trata de um outro problema qualquer
(angústia, ansiedade, solidão, etc) os próprios profissionais de saúde costumam
recomendar (com o aval do Ministério da Saúde) que se recorra ao CVV, o Centro
de Valorização da Vida, organização voluntária sem ligações políticas ou religiosas,
que desde 1962 realiza de forma gratuita, um serviço de apoio emocional e
prevenção do suicídio por telefone (141) ou por um chat (CVV.com.br).
Neste mês celebra-se em todo o mundo mais uma
edição do Setembro Amarelo, uma campanha que pretende quebrar o tabu em torno
do assunto e levar à população informação relevante em favor da vida.
(G1)