Entre 2012 e 2014, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) organizou pelo
menos três encontros do então presidente do grupo Andrade Gutierrez, Otávio
Azevedo, com o então vice-presidente Michel Temer. Os encontros não constaram
da agenda oficial do vice. As mensagens em que Cunha e Azevedo combinam as
reuniões foram registradas em anexos do relatório sobre a perícia que a Polícia
Federal fez em um celular do executivo, e incluídas em inquérito público da
Operação Lava-Jato. A assessoria do presidente interino, Michel Temer,
confirmou um dos encontros, realizado em 2014, a três meses das eleições, e
alegou “razões técnicas” para não inclusão do ato na agenda oficial do então
vice-presidente. De acordo com as mensagens, a reunião ocorreu no gabinete da
Vice-Presidência, no anexo do Palácio do Planalto, em Brasília. Pelos textos,
não é possível saber o tema tratado. A assessoria de Temer afirma que Azevedo
informou, no encontro, que faria uma doação eleitoral ao PMDB. Em 2014, a
Andrade Gutierrez doou R$ 11,4 milhões ao PMDB. Em 30 de julho de 2014, Cunha
escreveu: “Tenho que lhe falar”. O executivo respondeu: “Falo com certeza”. Logo
depois de discutir o melhor local e horário para o encontro, Cunha anotou:
“Você pode sair e ir ao Jaburu me encontrar e ao michel se quiser”. “Que horas
no michel?”, perguntou Azevedo. “Michel eu vou às 12 e fico até 14h30”,
replicou Cunha. O executivo finalizou: “Chego às 14h, ok?” “Ok”, respondeu
Cunha. Meia hora depois, o deputado corrigiu: “Não será mais Jaburu e sim gabte
da vice”. A resposta de Azevedo foi “Ok”.
(globo.com)