As panelas silenciaram. A temperatura das ruas baixou. Tudo parece ter
voltado à velha normalidade. Mas, alto lá, não era contra a corrupção? Não
haveria resistência contra aquilo que foi chamado de golpe? Onde estão
"coxinhas" e "mortadelas"? Para onde foi todo mundo? No dia
13 março deste ano, a imprensa trombeteava "a maior manifestação da
história do País". Segundo estimativa da Polícia Militar, mais de 3
milhões de brasileiros foram às ruas para pedir a saída de Dilma Rousseff da Presidência
da República. Dias depois, apoiadores de Dilma também tomaram as ruas e
arregimentaram milhares de manifestantes Brasil afora, conforme a PM e
organizadores. Atos de abrangência nacional ocorreram até que o afastamento
provisório de Dilma fosse votado, em 12 maio. Depois disso, um protesto contra
o governo interino contou com atos em quase todas as capitais e levou muita
gente à Avenida Paulista, mas a PM não divulgou o público presente. Desde
então, só manifestações pontuais, aqui e acolá, nada muito retumbante. A
promessa de incendiar o País acabou por não se concretizar. E, ao menos por
enquanto, a luta contra a corrupção também se acanhou. A jornalista Carla
Louise, que esteve em diversas manifestações a favor do impeachment, confessa
que o seu afã já não mais é o mesmo. "Eu sou uma que diminuí o ativismo
depois que a Dilma foi afastada. Mesmo não confiando no Michel Temer, acho que
ele tem feito algo pela economia. É ‘marotagem’ dizer que a corrupção acaba com
a saída dela (Dilma), mas também é cedo demais para sair às ruas e derrubar ele
(Temer)."
17 julho 2016
Reginaldo Monteiro

Administrador do Blog

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