Parlamentares do PSDB evitam se manifestar sobre a gravação em
que o ministro de Planejamento, Romero Jucá, sugere travar as investigações da
operação Lava Jato. Além de compor agora a base do governo interino de Michel
Temer, o PSDB teve quatro senadores citados na gravação de Jucá. O diálogo
sugere que senadores do partido estivessem cientes dos avanços da investigação
contra eles. Na gravação, Jucá conversa com o ex-presidente da Transpetro,
Sérgio Machado. Em dado momento, Machado questiona se "já caiu a
ficha" do PSDB de que as investigações chegariam a eles. Jucá confirma e
cita diferentes senadores do partido. "Caiu. Todos eles. Aloysio [Nunes,
senador], [o hoje ministro José] Serra, Aécio [Neves, senador]", diz Jucá.
"Caiu a ficha. Tasso [Jereissati] também caiu?", questiona Machado.
"Também. Todo mundo na bandeja para ser comido", afirmou Jucá. Procurados,
os senadores não responderam aos contatos da reportagem, com exceção de Aloysio
Nunes (PSDB-SP), que desconversou sobre sua citação. De acordo com o tucano,
"caiu a ficha do Brasil inteiro". O senador disse que a Lava Jato
prosseguirá e "não poupará quem tiver ficha em cartório". A
assessoria de Tasso Jereissati (PSDB-CE) afirmou que os senadores ainda não se
manifestaram sobre o assunto, mas que vão buscar alguma resposta. O agora
ministro das Relações Exteriores, José Serra, está em missão na Argentina e sua
assessoria informou que ainda não conseguiu contatar o ministro, apesar de
acompanhá-lo na viagem. Já a assessoria do presidente do PSDB, Aécio Neves
(MG), sequer respondeu a imprensa. Aécio é citado seis vezes na conversa entre
Jucá e Machado. O senador já foi citado por quatro delatores da Lava Jato,
especialmente sobre envolvimento na lista de propina de Furnas. Ainda assim, o
Supremo Tribunal Federal (STF) não abriu nenhum inquérito contra ele. Nenhum
dos tucanos citados na gravação de Jucá é alvo direto da operação Lava Jato.
(Estadão)