O relator do processo de impeachment na comissão
especial da Câmara, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), disse, em seu voto, que a
presidente Dilma Rousseff quebrou a confiança que lhe foi depositada quando
eleita. Ele leu seu voto por mais de quatro horas e se disse convicto de que as
condutas atribuídas à Presidente, se confirmadas, não representam atos de menor
gravidade, mas revelam sérios indícios de gravíssimos e sistemáticos atentados
à Constituição Federal. "As condutas da denunciada, a princípio, violentam exatamente essa
missão constitucional do Poder Legislativo", acusou. Para ele, essa quebra
de confiança justifica a abertura do processo de impeachment. "Considero
que há sérios indícios de conduta pessoal dolosa da Presidente", afirmou. O
relator disse ainda que a conduta da presidente aparenta ter violado valores
fundamentais do Estado Democrático de Direito. Ele garantiu, mais de uma vez
durante a leitura de seu voto, que não pede a admissibilidade da denúncia
contra a presidente por causa da impopularidade de Dilma ou da gravidade da
situação econômica, mas porque encontra os fundamentos necessários. Também mais
de uma vez ele afirmou que as ações dela foram "atentados contra o
Legislativo". "Concluo que a autorização para a instauração do
processo no Senado Federal é imperativa", afirmou. Arantes ainda criticou
o governo e disse que a Câmara não podia se omitir da situação atual do País.
Segundo ele, em toda sua vida política, nunca vivenciou um momento tão
conturbado. Para ele, a presidente não pode se eximir de responsabilidade e
lembrou da Operação Lava Jato e dos escândalos de corrupção oriundos dela. Na
avaliação dele, a despeito dos pedidos da defesa, não podem ser desconsideradas
as investigações da Lava Jato, embora os fatos gerados por essas investigações
não estejam incluídos no parecer.
(Bol)