Enquanto a Lava Jato avança sobre os maiores
empreiteiros do País condenando nomes como Marcelo Odebrecht a 19 anos e quatro
meses de prisão, na Justiça paulista não há previsão de que os executivos e
ex-dirigentes de empresas ligadas ao esquema de fraude e cartel nas licitações
do sistema metroferroviário entre 1998 e 2009 (governos Mario Covas, Jose Serra
e Geraldo Alckmin, todos do PSDB) sejam detidos, ou mesmo se apresentem para
dar explicações à Justiça. Graças a uma série de recursos e estratégias
protelatórias dos réus, segundo o Ministério Publico, as ações penais contra os
investigados não saem da estaca zero. Desde 2014, o Grupo de Atuação Especial
de Combate a Delitos Econômicos já pediu 10 vezes a prisão de 11 executivos de
nacionalidade estrangeira que vivem atualmente no exterior. Destes pedidos,
nove já foram rejeitados e um aguarda decisão da Justiça de São Paulo. Neste
mesmo intervalo de tempo, a Lava Jato já cumpriu 64 mandados de prisão
preventiva e, com o apoio de delações premiadas e acordos de leniências de
empresas investigadas, segue avançando contra agentes públicos, políticos e
empresários suspeitos de participar de um esquema de corrupção na Petrobrás e
até em outras estatais. Na investigação contra o cartel de São Paulo que agiu
durante gestões consecutivas do PSDB houve a colaboração da multinacional
Siemens, que firmou um acordo de leniência com o Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (CADE), orgão anti-truste do governo federal.
(Estadão)