A juíza da 35ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, Daniela
Alvarez Prado, condenou, pelo menos, oito policiais militares pela tortura
seguida de morte e ocultação de cadáver do ajudante de pedreiro Amarildo de
Souza, informou na noite deste domingo (31) o programa Fantástico, da TV Globo.
Amarildo desapareceu no dia 14 de julho de 2013, após ser levado por PMs para a
sede da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), localizada no Alto da Rocinha,
comunidade da zona sul do Rio de Janeiro. Os PMs suspeitavam que o ajudante de
pedreiro sabia onde os traficantes locais escondiam armas e drogas. As investigações da Polícia Civil e
o Ministério Público concluíram que Amarido foi torturado até a morte,
atrás dos contêineres onde funciona a UPP. Ao menos 25 PMs foram denunciados à
Justiça por participação nos crimes. O chamado "Caso Amarildo" teve ampla repercussão e
motivou várias manifestações contra a violência em todo o país. A juíza Daniela
Alvares Prado escreve em sua sentença que Amarildo era foi "vítima de uma
cadeia de enganos, era vulnerável à ação policial, além de ser 'negro e pobre,
dentro de uma comunidade à margem da sociedade' ". O comandante da UPP,
major da Polícia Militar Edson Santos, recebeu a maior pena "por ser um
superior que deveria dar exemplo aos subordinados", de acordo com a
sentença da juíza: 13 anos e sete meses em regime fechado pelos crimes de
tortura seguida de morte, ocultação de cadáver e fraude processual. Em
depoimento, ele chegou a afirmar que Amarildo havia sido ouvido na UPP por
alguns minutos "e deixou o local a pé e sozinho". O major acusou traficantes de terem
matado o ajudante de pedreiro.
(Bol)