A presidente Dilma Rousseff ganhou nesta
quarta-feira a primeira batalha na discussão do impeachment após o retorno do
recesso do Congresso – mas a vitória foi apertada. Seu aliado, o deputado federal Leonardo Picciani (PMDB-RJ), foi mantido
no cargo de líder do seu partido na Câmara dos Deputados, após bater o
adversário, Hugo Motta (PMDB-PB), cuja candidatura era patrocinada pelo
presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um dos principais adversários de
Dilma. O resultado, no entanto, mostrou que o PMDB da Câmara segue desunido: 37
parlamentares votaram em Picciani, 30 em Motta e dois se abstiveram. Para
garantir sua reeleição como líder, Picciani até mesmo convocou deputados
licenciados a reassumirem seus cargos momentaneamente, como o ministro da
Saúde, Marcelo Castro, e o secretário de Governo do Rio, Pedro Paulo Carvalho. A
vitória de Picciani era fundamental para Dilma porque são os líderes dos
partidos que escolhem os membros da comissão especial da Câmara - que terá 65
integrantes - que emitirá um parecer recomendando ou não a abertura de um
processo de impeachment contra a presidente – e o PMDB é o partido com direito
a mais indicações, ao lado do PT (oito cada). Na prática, porém, o novo líder
não deve ter forças para indicar apenas parlamentares contrários ao
impeachment, tendo que ceder e negociar algumas indicações com a ala do PMDB
que quer a queda da presidente – liderada por Cunha. "A vitória de
Picciani mostrou o PMDB bastante dividindo no tocante ao apoio ao governo. O
efeito positivo para a agenda de Dilma será limitado", afirma o cientista
político Rafael Cortez, analista da consultoria Tendências. O próprio deputado
reconheceu que terá que dialogar com os partidários do impeachment. Após sua
eleição, Picciani declarou que vai "contemplar todas as correntes do PMDB
nas indicações para compor a comissão que analisará a questão".
(BBC Braasil)