O governo adotou a estratégia de evitar ao máximo o confronto com o
vice-presidente Michel Temer que tem se movimentado em conversas com opositores
da presidente Dilma Rousseff e levantado um clima de desconfiança sobre sua
lealdade. As afirmações e reafirmações de Dilma sobre a confiança no vice tem o
objetivo de deixar para Temer a iniciativa de um possível rompimento. As rugas
expostas pelo vice-presidente na noite de ontem em uma rede social sinalizam
que a estratégia pode dar resultado. Além disso, existem avaliações de dentro
do Planalto de que Temer, com seus movimentos e com o seu silêncio sobre o
pedido de impeachment, tem construído a imagem de traidor, em vez de da postura
esperada de um vice. Interlocutores da presidente evitam criticar diretamente o
vice, mas atribuem a postura obscura a um erro de parlamentares que estão no
entorno do vice. Para ministros mais próximos, o entorno de Temer comete um
erro básico na política que é passar a imagem de conspiração, em vez de
construir a ideia de um vice que sai mais forte do processo por ter ajudado
Dilma a superar a crise política. Some-se a isso, a avaliação interna de que o
governo conseguirá votos suficientes para derrotar a proposta de impeachment
ainda na comissão especial criada para votar o assunto. Para o governo, a
oposição tem subestimado a mobilização das ruas contra o impeachment que deverá
ser engrossada, na avaliação do Planalto, por pessoas que não apoiam a
presidente, mas também não aceitam o impeachment, sem um motivo que legalmente
o justifique. A oposição, de acordo com o governo, não dimensiona corretamente
o ambiente a ser criado nas ruas por quem não apoia Dilma, mas considera o
pedido de impeachment um “rompimento democrático”.
(IG)