Um mês depois do início do movimento de ocupação das escolas da rede
pública do estado de São Paulo, os estudantes secundaristas continuam nas ruas.
Nesta quarta-feira (9), os alunos fazem nova manifestação, no Museu de Arte de
São Paulo (Masp), agora voltada à defesa de educação de qualidade e de maior
participação da comunidade na gestão escolar. O ato também é contra o
autoritarismo do estado e os cortes do governo na educação. Iniciadas na Escola
Estadual Diadema, na região do ABC, na noite do dia 9 de novembro, as ocupações
começaram com o objetivo de combater a proposta de reorganização escolar do
governo estadual. A ação, no entanto, extrapolou a intenção inicial: alcançou cerca
de 200 escolas, levantou a discussão sobre a qualidade do ensino nas escolas
públicas, derrubou o secretário da Educação, Herman Jacobus Cornelis Voorwald,
e fez com que o governador Geraldo Alckmin revogasse o decreto que instituía a
reorganização escolar em todo o estado. Os estudantes assumiram o controle das
escolas ocupadas, organizaram-se em equipes (de segurança, de limpeza, de
atendimento à imprensa, de alimentação, de alojamento) e passaram a deliberar
as ações do grupo por meio de assembleias. No lugar das aulas, eles
desenvolveram uma rotina própria nos prédios ocupados, organizando aulas
públicas e cursos. O projeto da Secretaria da Educação do Estado previa o
fechamento de 94 escolas e a transferência de cerca de 311 mil estudantes para
instituições de ensino na região onde moram. O objetivo da reorganização,
segundo a secretaria, era segmentar as unidades em três grupos, conforme a
idade e o ano escolar. De acordo com o órgão, a segmentação melhora o
rendimento dos alunos.
(Último Segundo)