"Não tenham segredos", "não durmam
brigados", "apoiem sempre um ao outro", "é preciso
ceder"... São inúmeras as regras criadas para servir como um manual do
relacionamento bem-sucedido. Mas, como qualquer casal bem sabe, elas nem sempre
trazem paz e felicidade. Pelo contrário: segui-las, muitas vezes, cria novos
problemas. Veja a seguir sete regras que estão bem longe de serem verdades
absolutas:
"Faça as pazes antes de
dormir" | Nem sempre a melhor escolha é discutir a relação antes de ir
para a cama. Para a psicóloga e terapeuta de casais Margareth dos Reis, doutora
em ciências pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), se
não há clima para o diálogo ou se o casal está cansado, é melhor dormir e
conversar depois. "Às vezes, a disposição se esgota, e os parceiros ficam
se debatendo sem chegar a lugar nenhum", diz. Para Sandra Salomão, terapeuta
de casal e professora da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio de
Janeiro, é sempre melhor esperar a poeira baixar para conversar.
"Apoie seu par sempre" | Dar apoio
incondicionalmente ao ser amado pode parecer lindo na teoria, mas, na prática,
pode ser prejudicial a ambos. Para a psicóloga Margareth dos Reis, se você
percebe que o outro está insistindo em algo que não está certo, não é hora de
apoiá-lo. "Se o resultado do que o outro está fazendo poderá não ser
benéfico para ele, para vocês ou para outra pessoa, não há obrigação de
oferecer suporte." Para a terapeuta de casais Sandra Salomão, a diferença
de pontos de vista faz bem para a relação. "Até na educação dos filhos é
importante discordar. Às vezes, o pai ou a mãe tem de proteger o filho de algo
em que o outro acredita", diz.
"Nunca fale sobre seu 'ex'" | "Não
há problema nenhum em falar uma vez ou outra sobre o parceiro anterior",
diz a psicóloga e terapeuta sexual Ana Canosa, autora de "A Metade da
Laranja - Discutindo Amor, Sexo e Relacionamento" (editora Master Books).
Para ela, comentar um pouco sobre a relação anterior é importante para entender
como o outro se relaciona.
"Diga sempre a verdade" | Para a
terapeuta de casais Margareth dos Reis, essa regra pode levar a um equívoco.
"Contar tudo não significa falar qualquer coisa que você está pensando e
tudo o que acontece. Isso pode gerar problemas", diz. Para a terapeuta de
casais Sandra Salomão, verdades que dizem respeito a coisas importantes sobre o
casal devem ser ditas. "Mas a ideia de que a gente deva contar tudo um
para o outro é um exagero. Quando é algo bobo e que pode ofender, tudo bem não
falar", fala.
"Não tenham segredos" | Algumas pessoas
têm uma moral muito rígida e podem não aceitar algo de errado que você tenha
feito no passado. Para a terapeuta sexual Ana Canosa. são raros os casais que
chegam a um grau de intimidade tão profundo que passam a dividir a maior parte
das coisas --e isso não é um problema.
"Dormir separado é sinal de crise" |
"Há casais que dormem na mesma cama e vivem em crise", diz a
psicóloga Margareth dos Reis. Segundo ela, as pessoas têm buscado um modo de se
sentirem mais confortáveis em uma relação a dois, sem seguir padrões
convencionais. "O casal pode fazer muita coisa junto e cada um ter seu espaço.
É um acordo que pode funcionar muito bem", fala a especialista. Segundo a
psicóloga Ana Canosa, mesmo se a decisão de dormir cada um em um lugar
acontecer após uma briga, não é sinal de que a relação está prestes a acabar.
"Alguém precisa ceder" | Ceder não é a
melhor solução para acabar com os problemas nem deve ser a regra que garantirá
a paz na relação. "O casal precisa trabalhar a questão até que os dois
fiquem confortáveis. Se um cede, mas não fica bem, sente que está dando mais do
que recebe, não adianta", diz a terapeuta de casais Sandra Salomão. Para a
psicóloga Margareth dos Reis, não pode existir um lado que se
"sacrifique". "Se só um faz concessões, o outro pode se tornar
um egoísta. A solução deve existir a partir de acordos", afirma.