A presidente Dilma
Rousseff e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), iniciam uma semana
decisiva para ambos, medindo forças. O acúmulo de documentos de que o
peemedebista possui contas milionárias na Suíça parece ter tornado sua saída do
cargo uma questão de tempo, mas tampouco pode ser descartada sua manutenção no
cargo se houver um acordo com o governo ou outro tipo de composição política. Por
outro lado, há o risco de Cunha "cair atirando" e decidir aceitar um
dos pedidos de abertura de processo de impeachment contra a petista – é o
presidente da Câmara que tem a prerrogativa de decidir se os pedidos têm
fundamento e podem ser avaliados pelos demais parlamentares. Ele voltou a dizer
nesta segunda-feira (19) que não pretende renunciar ao comando da Casa, mas
talvez essa seja a alternativa necessária para preservar seu mandato. Na semana
passada, PSOL e Rede entraram com uma representação no Conselho de Ética da
Câmara que pode, no limite, resultar na sua cassação. Após ter seu nome citado
por delatores da operação Lava Jato, o presidente da Câmara foi incluído pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, numa lista dezenas de políticos
que deveriam ser investigados sob a suspeita de envolvimento no esquema de corrupção
na Petrobras. A representação proposta por PSOL e Rede no Conselho de Ética foi
assinada por 46 deputados de sete partidos – a grande maioria, 32, do PT, o que
corresponde a quase metade da bancada da sigla. O trâmite até uma decisão final
do conselho tende a durar semanas, mas seu presidente, o deputado José Carlos
Araújo (PSD-BA), prometeu que esse processo seria concluído até o fim deste
ano. O caso seria então encaminhado ao plenário: para a cassação, é necessária
a maioria simples (votos de 257 deputados). Se perder seu mandato de deputado,
Cunha fica sem foro privilegiado na Justiça. Dessa forma, as denúncias contra
ele, que hoje passam pelo crivo do STF, podem ser remetidas à primeira
instância – mais precisamente para a vara do juiz Sergio Moro, no Paraná, onde
as ações da Lava Jato têm corrido de forma célere.
(Último Segundo)