20 outubro 2015

Os vários cenários para Cunha em semana decisiva

A presidente Dilma Rousseff e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), iniciam uma semana decisiva para ambos, medindo forças. O acúmulo de documentos de que o peemedebista possui contas milionárias na Suíça parece ter tornado sua saída do cargo uma questão de tempo, mas tampouco pode ser descartada sua manutenção no cargo se houver um acordo com o governo ou outro tipo de composição política. Por outro lado, há o risco de Cunha "cair atirando" e decidir aceitar um dos pedidos de abertura de processo de impeachment contra a petista – é o presidente da Câmara que tem a prerrogativa de decidir se os pedidos têm fundamento e podem ser avaliados pelos demais parlamentares. Ele voltou a dizer nesta segunda-feira (19) que não pretende renunciar ao comando da Casa, mas talvez essa seja a alternativa necessária para preservar seu mandato. Na semana passada, PSOL e Rede entraram com uma representação no Conselho de Ética da Câmara que pode, no limite, resultar na sua cassação. Após ter seu nome citado por delatores da operação Lava Jato, o presidente da Câmara foi incluído pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, numa lista dezenas de políticos que deveriam ser investigados sob a suspeita de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras. A representação proposta por PSOL e Rede no Conselho de Ética foi assinada por 46 deputados de sete partidos – a grande maioria, 32, do PT, o que corresponde a quase metade da bancada da sigla. O trâmite até uma decisão final do conselho tende a durar semanas, mas seu presidente, o deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), prometeu que esse processo seria concluído até o fim deste ano. O caso seria então encaminhado ao plenário: para a cassação, é necessária a maioria simples (votos de 257 deputados). Se perder seu mandato de deputado, Cunha fica sem foro privilegiado na Justiça. Dessa forma, as denúncias contra ele, que hoje passam pelo crivo do STF, podem ser remetidas à primeira instância – mais precisamente para a vara do juiz Sergio Moro, no Paraná, onde as ações da Lava Jato têm corrido de forma célere.
(Último Segundo)
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