O marido de Joy Milne, Les, morreu em junho, aos 65 anos. Ele trabalhava
como anestesista antes de ser diagnosticado com Parkinson, aos 45 anos. Mas bem
antes do diagnóstico, Joy notou que algo havia mudado com seu marido - seis
anos antes, para ser mais preciso. "O cheiro dele mudou. Não foi de
repente, foi muito sutil - ele ficou com um cheiro almiscarado." Joy só
relacionou este odor à doença após passar a frequentar a instituição de
caridade Parkinson's UK e conhecer pessoas com o mesmo cheiro característico. Por
um acaso total, ela mencionou isso enquanto conversava com pesquisadores. Eles
ficaram intrigados - até hoje, não existe um exame preciso para diagnosticar
Parkinson. A Universidade de Edimburgo decidiu testá-la - e ela foi muito
precisa. Tilo Kunath, pesquisador associado da Parkinson's UK na escola de
ciências biológicas da universidade, foi um dos primeiros a conversar com Joy. "A
primeira vez em que testamos Joy, usamos seis pessoas com Parkinson e seis sem.
Todas usaram camisetas brancas por um dia, que depois foram dobradas e
empacotadas. A tarefa dela era dizer quem tinha Parkinson e quem não
tinha", conta. "Ela acertou 11 de 12. Ficamos muito
impressionados." Segundo ele, Joy acertou todos os com Parkinson, mas
insistiu que uma das pessoas do grupo de controle também tinha a doença. "Mas
era o grupo de controle, então ele não tinha Parkinson. Segundo ele - e também
segundo a gente - ele não tinha Parkinson", diz. Mas os pesquisadores
foram surpreendidos meses depois. "Oito meses depois, ele informou que
havia sido diagnosticado com Parkinson. Então Joy não estava certa apenas em
11, ela acertou os 12." "Isso nos impressionou muito e fomos
investigar o fenômeno."
(globo.com)