A destruição de uma ampla área do Parque Nacional da Chapada Diamantina,
no fim de semana passado, é o exemplo de algo rotineiro nas florestas
brasileiras. Apesar de protegidas por decretos, Unidades de Conservação
federais enfrentam milhares de focos de queimadas anualmente, cujo
enfrentamento é dificultado devido à falta de funcionários para combate,
dificuldade de acesso aos locais afetados e clima seco que ajuda a alastrar as
chamas. Somente na segunda-feira (14), monitoramento feito pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostrava que quase um terço das Unidades
de Conservação federais tinham focos de incêndio – 105 de um total de 338 áreas
protegidas. Tamanhos e números variavam, mas em algumas delas os focos passava
de duas centenas, caso do Parque Nacional Serra das Confusões, em Jurema,
Piauí. "Essas queimadas são comuns no dia a dia das florestas brasileiras,
em sua ampla maioria, causadas pelo homem. Causas naturais, como raios, são
raríssimas", diz Alberto W. Setzer, pesquisador do Inpe. "Pode até
existir discussão quando se pensa em outras queimadas no País. Mas essas
unidades de conservação são parques que deveriam estar sempre protegidos. Não é
normal que contem com esse número de focos." São vários os motivos
para os incêndios. No caso da Chapada Diamantina, a principal suspeita é de que
um homem tenha tido um surto psicótico e iniciado as chamas no local. Incêndios
criminosos como esse, no entanto, são bastante raros. Mesmo que, de acordo com
o Ibama, 99% dos casos sejam praticados pela ação do homem, em boa parte
eles são involuntários.
(Último Segundo)