30 agosto 2015

SAÚDE: Em excesso, pensamento negativo afeta neurônios

As consequências de nível nacional do pessimismo, nós estamos conseguindo ver bastante bem: retração da economia, demissões, inflação e todas as outras más notícias que os jornais têm trazido nos últimos meses. Mas esse sentimento também tem efeitos muito nocivos para o nosso organismo. O pessimismo, se mantido por muito tempo, pode chegar a danificar o cérebro. “Ele funciona como um fator estressor de pequena quantidade e longa duração. Os neurônios possuem uma camada de proteção neurológica. Se a pessoa mantiver um estresse crônico como esse, vai haver uma diminuição dessa proteção”, explica o psiquiatra Kalil Duailibi, diretor científico do departamento de psiquiatria da Associação Paulista de Medicina. A consequência direta disso é que essa pessoa fica muito mais propensa a desenvolver qualquer tipo de doença neuronal, principalmente a depressão. Acima de três meses de exposição a esse tipo de estresse, já é possível verificar esse tipo de dano. Com seis meses de exposição, ele certamente ocorrerá. Uma pesquisa publicada no periódico “Science Translational Medicine” conseguiu provar que os pensamentos negativos afetam a eficácia de tratamentos. Os pesquisadores submeteram um grupo de 22 voluntários saudáveis a uma dor nas pernas causada por um feixe de calor. Em uma etapa do estudo, aplicaram nos voluntários um potente analgésico – que aliviou a dor dos participantes. Em um segundo estágio, os pesquisadores mentiram aos voluntários, dizendo que o medicamento seria interrompido. Inacreditavelmente – já que eles ainda estavam sob efeito da droga –, os participantes relataram um aumento agudo da dor. A pesquisa comprovou que, quando a pessoa espera que vá sentir dor ou que o tratamento não vá funcionar, de fato, essa expectativa se torna realidade. Apesar de o experimento ter sido realizado com um grupo pequeno de voluntários e de ser específico para a dor, a comunidade científica acredita que as conclusões valham para outros tipos de tratamentos. Outro que sofre os efeitos do pessimismo é o coração. O estudo Women Health Status, realizado com 97 mil mulheres, conseguiu demonstrar que as participantes otimistas tiveram 10% a menos de chances de um infarto e 15% menos chances de mortalidade de uma forma geral. É como se os otimistas tivessem um bônus de vida.
(IG)
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