23 agosto 2015

SÃO PAULO: "Chacinas revelam anestesia moral", diz sociólogo

Nas décadas de 1980 e 1990, execuções em massa levavam pânico e terror à região metropolitana de São Paulo. Moradores viviam assustados e corpos amanheciam estirados pelas ruas. O cenário mudou ─ para melhor ─, mas as chacinas não foram extintas. Pelo contrário, continuam a assombrar a população e turbinar as estatísticas de criminalidade. O sociólogo Sérgio Adorno conhece a fundo o problema. Coordenador do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP, ele é uma das principais referências no estudo sobre o tema. Na quinta-feira passada, uma chacina em Osasco e em Barueri resultou na morte de 18 pessoas e suscitou temores de um novo ciclo de violência. Um levantamento do Instituto Sou da Paz, com base em dados obtidos junto à Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP SP), mostra que o número de mortos em chacinas na Região Metropolitana de São Paulo dobrou no primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2014 ─ e sem que as vítimas fatais do episódio mais recente fossem contabilizadas. Em entrevista à BBC Brasil, Adorno abordou as causas mais comuns para as chacinas, o papel da polícia como fator gerador de violência e a comoção popular ante este tipo de crime. "Vivemos uma 'anestesia moral'. Não nos sentimos solidários com a morte dos outros, especialmente dos mais vulneráveis. Não se generalizou no Brasil o sentimento de que a defesa e a promoção da vida é um direito de quem quer que seja, mesmo de um criminoso", afirma.
(Último Segundo)
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