O Ministério Público Federal investiga denúncias de que médicos
responsáveis pelo setor de reprodução humana da Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp) estariam usando a estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS)
para fazer cirurgias particulares no Hospital São Paulo. A denúncia foi feita
pelo ex-diretor da Escola Paulista de Medicina (EPM) Antonio Carlos Lopes, em
abril. A Unifesp informou que abriu um procedimento administrativo disciplinar
e está apurando o caso. Um dos médicos citados na denúncia, Agnaldo Cedenho -
que também é o responsável pela área -, nega a existência de irregularidades e
atribui o fato a uma briga interna dentro da instituição por disputa de cargos
que seria protagonizada pelo denunciante e também por Valdemar Ortiz, ex-chefe
do setor de Urologia. Segundo a denúncia, pacientes da área de reprodução
humana são atendidos pelo SUS, que paga a consulta, mas são tratados como
particulares em procedimentos cirúrgicos como vasectomia de homens e obstrução
tubária em mulheres. O SUS não cobre esse tipo de tratamento. Essas cirurgias
são feitas na área da Disciplina de Urologia, em um espaço que é, ainda segundo
a denúncia, destinado ao atendimento exclusivo de pacientes do SUS. Lopes
afirma que, nos últimos cinco anos, pelo menos 1.200 pacientes foram atendidos
dessa maneira. "O ambulatório funciona pelo SUS, mas atende pacientes
particulares. O dinheiro pago pelo tratamento era dividido por quem participava
da cirurgia - do médico ao restante da equipe. Denunciei o caso ao Ministério
Público, que pediu provas. Então, encaminhei os 1.200 casos com as respectivas
planilhas, documentos e gráficos que comprovam tudo", diz.
(dgabc)