04 julho 2015

RONALDO ALMEIDA: "Bancada evangélica reflete a sociedade: conservadora, violenta e desigual"

Na última quinta-feira (2), a Câmara aprovou a redução da maioridade penal para 16 anos em casos de crime hediondo. O articulador e principal entusiasta da votação foi o presidente da Casa, Eduardo Cunha. Evangélico, Cunha é um dos principais nomes da chamada "bancada da Bíblia", que congrega 75 deputados. No mês passado, a menina Kaylane Campos, de 11 anos, foi apedrejada ao sair de um culto de candomblé no Rio de Janeiro. Os suspeitos do ataque são participantes de uma igreja evangélica. São duas manifestações do comportamento evangélico – notadamente das denominações neopentecostais – que, mais do que perfilar esse segmento da população, refletem uma onda mais conservadora que abrange a sociedade toda, na opinião de Ronaldo Almeida, professor de Antropologia da Unicamp e diretor cientifico do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). Para o pesquisador, o Brasil vive um conservadorismo que pode ser percebido em três sentimentos que têm impulsionado a população: o ódio (contra os gays, as religiões diferentes), a fobia (é tanto medo que boa parte dos brasileiros aprova legislação mais permissiva em relação ao porte de armas) e a vingança (refletida no apoio da maioria à redução da maioridade penal).
(IG)
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