Integrantes
da oposição que, em março, defenderam o presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), com fervor quando seu nome apareceu na lista do STF de supostos
envolvidos no esquema de corrupção da Operação Lava Jato hoje não demonstram a
mesma posição. A defesa pública ao comandante da Casa se resume ao
Solidariedade, partido do deputado Paulinho da Força (SP), como mostra reportagem dos jornalistas Ranier Bragon e
Aguirre Talento na Folha de S. Paulo. A mudança foi a citação, pelo lobista
Júlio Camargo, delator da investigação, de que repassou US$ 5 milhões em
propina para Cunha. O deputado nega as acusações e afirma estranhar a mudança
no depoimento do delator, que nunca havia citado seu nome antes. O apoio de
lideranças da oposição, que havia sido enfático em março, caiu por terra,
colocando em xeque a dobradinha Cunha-oposição, que por diversas vezes impôs
derrotas ao governo da presidente Dilma Rousseff no primeiro semestre. O
senador Aécio Neves (PSDB-MG), o líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos
Sampaio (SP), o líder do PSB, Júlio Delgado (MG), e o líder do DEM, Mendonça
Filho (PE), são alguns exemplos de mudanças de discurso. Se antes disseram
acreditar nas palavras de Cunha, de que era inocente, hoje defendem que
"todas as denúncias têm que ser investigadas", como afirmou, em nota,
o PSDB presidido por Aécio Neves. Em março, Júlio Delgado afirmou: "Eu
acho que vossa excelência não tem nenhum envolvimento nesse sistema
mesmo". O discurso foi mudado nesta semana, segundo a Folha: "O que
eu achava naquele dia, eu posso dizer que hoje eu não acho mais. Isso tudo tem
que ser apurado". Mendonça Filho, apesar de não defender o afastamento de
Cunha da presidência da Câmara, afirma que o deputado do PMDB não pode nem
"ser condenado antecipadamente", nem ser "simplesmente blindado
e não investigado".
(Brasil247)