O PT realiza a partir
desta quinta-feira (11), na Bahia, seu 5º Congresso em clima de profunda
divisão interna, inundado de críticas à condução da economia por parte da
presidente Dilma Rousseff e em meio a uma "ressaca" pós-ajuste
fiscal. O que foi desenhado para ser o pontapé da candidatura do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a 2018 corre o risco de se transformar
em uma grande profusão de posicionamentos divergentes e tentativas de amenizar
o desconforto em relação ao governo. Durante toda semana, dirigentes e
integrantes do partido tentam minimizar os pontos incomuns. "As divisões
são diminutas. A surpresa seria se não houvesse a crítica", disse o
vice-presidente nacional do partido, Alberto Cantalice. “Em um partido tão
plural como o PT, que conta com a presença de muitos sindicalistas, é natural
que haja críticas em relação a qualquer tipo de ajuste", disse
Cantalice. Os petistas se apegam a dois únicos pontos de consenso, que
deverão constar na chamada Carta de Salvador. Um deles é a taxação de grandes
fortunas, outro é o retorno da CPMF (Contribuição Provisória Sobre
Movimentações Financeiras). As duas propostas, que não são novas e que não
contam com apoio da presidente, estão sendo apresentadas em decorrência do
ajuste. "É preciso que o andar de cima também partipe do ajuste. Por isso
é que vamos defender a taxação de grandes fortunas e também a volta da
CPMF", disse Cantalice. "Estes dois pontos unem o partido",
constatou. As primeiras medidas de arrocho na economia contaram com o nariz
torcido da maior parte do partido, na Câmara e no Senado. No último momento, o
PT votou com o governo nas medidas já aprovadas, apesar da contrariedade de sua
bancada. Petistas reconhecem a "inconveniência" do encontro
nesta data. "É o primeiro encontro do PT em meio a um ajuste fiscal",
disse o deputado Afonso Florense (PT-BA). Esperada para a abertura, ao lado de
Lula, a presidente Dilma ensaiou não comparecer na abertura devido sua viagem à
Bélgica, onde participa da Cúpula entre a União Europeia e a Celac (Comunidade
dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos). Depois, diante de pressão de
dirigentes, decidiu antecipar sua volta e deverá chegar a Salvador por volta
das 20 horas de quinta-feira, em cima da hora de início do evento.
(Último Segundo)