Não será só da oposição que virão as dores de cabeça do Planalto para
aprovar a Medida Provisória 665/14, que faz mudanças no seguro-desemprego e é a
primeira do conjunto de propostas que devem ser votadas no Congresso para
promover o ajuste fiscal. A votação prevista para esta semana é tratada pelo
governo como a mais importante do ano. Por isso o esforço para conter os
problemas na base e até mesmo no PT. Reunido ontem com líderes para tratar do
assunto, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) citou nominalmente o partido da
presidente Dilma Rousseff ao falar da importância da aprovação desta MP - que
tranca a pauta da Câmara - e da 664/14, que muda regras para a concessão de
pensão por morte. Essa é encarada como o grande teste da capacidade de
articulação de Temer. Às vésperas de fechar a distribuição de cargos de segundo
e terceiro escalões, o governo avalia que os partidos da base deverão negociar
pesado em troca da votação do ajuste fiscal. Caberá ao vice-presidente, que tem
sido elogiado como negociador, acalmar os ânimos na base. Por isso, foram
previstas conversas com cada uma das bancadas da base governistas em busca de
consenso para a votação. A apreciação das MP do ajuste fiscal é fundamental
para o Planalto. Caso os textos não sejam aprovados, existe a possibilidade de
que o Brasil perca o chamado grau de investimento, concedido por agências
internacionais de classificação de risco. Além de assegurar empréstimos no
exterior com juros mais baixos, o grau de investimento é, por exemplo, condição
fundamental para que alguns fundos internacionais invistam capital no país.
(IG)