Ao completar 450 anos, neste domingo (1º), a cidade do Rio de
Janeiro não tem edifícios de seus primórdios ainda de pé. Nenhuma casa do
século 16 sobreviveu às mudanças urbanísticas e à especulação imobiliária dos
últimos quatro séculos. Por esse motivo, descobertas recentes no centro da
capital fluminense prometem ajudar a revelar segredos ainda escondidos sobre
hábitos e costumes desses primeiros habitantes "cariocas". Em um terreno de
800 metros quadrados, na esquina da 1º de Março com a Rua do Rosário, no
centro, arqueólogos encontraram estruturas remanescentes do final do século 16,
sob edificações mais novas. Além de cachimbos nativos, louças, cerâmicas e
outros materiais de uso cotidiano, arqueólogos encontraram estruturas das
estacas que ergueram as casas mais antigas, possivelmente de 1580. Uma das
responsáveis pela pesquisa no local, Jeanne Cordeiro, do Laboratório de
Arqueologia Brasileira, explicou que será possível, pelas marcações
encontradas, traçar um desenho dessas casas ocupadas a partir de 1580. Naquela
época, a 1º de março chamava-se Rua Direita. “Temos cozinhas, um vaso turco que
seria um banheiro precário, quintais fechados, pátios com poço para captação de
água. Esse todo nos ajuda a entender esse Rio de Janeiro, o que ele significa e
por que nós somos dessa maneira”, disse ela, ao lembrar que a maioria das casas
daquela época era feita com estuque e coberta com palha e sapê. Poucas tinham
telhas. “Eram estruturas muito frágeis. Somente no fim do século 16, início do
século 17, começam a construir casas em pedra e cal, mais duradouras.”
(IG)