15 janeiro 2015

OPINIÃO: Câmara de Pederneiras prestes a cometer mais um engodo

Soube há pouco, que a câmara municipal de Pederneiras realizará audiência pública nesta quinta-feira (15), para buscar solução ao entrevero relacionado à Rua Júlio Antonio Dario, transformada em mão única sem qualquer avaliação técnica, por decisão unilateral da prefeitura. 

Os moradores do Jardim Marajoara, Jardim Maria Luiza e Jardim Pacaembu, sentindo-se prejudicados com a mudança, apresentaram abaixo-assinado para o retorno da rua à mão dupla, o que causou resistência por parte de moradores do Jardim Alvorada. Coincidentemente, na “rua da discórdia” residem familiares do ex-secretário de transito Alexandre Nabi, a quem se atribui a mudança. O prefeito chegou a anunciar decisão favorável aos reclamentes, mas em seguida recuou e silenciou.

Audiência Pública é um instrumento de participação popular, garantido pela constituição brasileira e regulado por leis federais, constituições estaduais e leis orgânicas municipais. É um espaço onde os poderes Executivo e Legislativo ou o Ministério Público podem expor um tema e debater com a população sobre a formulação de uma política pública, a elaboração de um projeto de lei ou a realização de empreendimentos que podem gerar impactos à cidade, à vida das pessoas e ao meio ambiente.

Não se caracterizará como audiência pública a sessão do legislativo que, embora aberta ao público, o comportamento dos presentes seja passivo, silencioso, contemplativo. Nesse caso, será apenas uma audiência. Ela deve se realizar à moda do processo judicial oral e seguir os princípios jurídicos de caráter geral, tais como o devido processo legal, publicidade e transparência, dentre outros aspectos. Há que existir um roteiro prático que se inicia por promover a divulgação do convite à população através dos meios de comunicação (rádios, jornais e TV). E isso (o convite, a publicidade) notoriamente a câmara municipal de Pederneiras não fez. E se não fez, a quem interessa o faz de conta, o engodo (aquilo que se usa para enganar)?

Como escrevi anteriormente, e novamente sem pretender insinuar que a "rua da discórdia" pode se configurar uma disputa entre os menos e os mais abastados ou entre os que possuem mais ou menos direitos, além da forma aloprada, que parece dará a tônica de um instrumento que deveria ser levado a sério, cabem as perguntas: onde estão os critérios técnicos que ensejaram a mudança? quem os emitiu?

Assim, à ferro e fogo não dá para digerir. Portanto, é bom que os vereadores estejam atentos e não atuem apenas com a presença, os olhos e os ouvidos. Eles devem a todos nós uma satisfação convincente de suas atuações. Precisam provar que são de verdade instrumentos do povo, a quem legitimamente pertencem os mandatos. A oposição, especialmente, tem que estar atenta para não legitimar deformidades como essa, que vão na contramão do interesse público. Caso contrário, ter-se-ia a convicção de que lá estariam para contrariar a vontade popular. É inadmissível a direção do abismo.

Reginaldo Monteiro
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