Apesar da
recusa em responder as perguntas feitas por deputados e senadores em relação ao
conteúdo da delação premiada, o ex-diretor da área de abastecimento da
Petrobras Paulo Roberto Costa deixou claro que o esquema de desvios na estatal
tem envolvimento profundo da classe política no País, podendo se tornar um caso
ainda mais destacado do que foi o mensalão, em 2005. Ao final da sessão
que o colocou frente a frente a Nestor Cerveró, ex-diretor da área
internacional da empresa, realizada nesta terça-feira (2), Costa foi indagado
sobre o número de políticos que estiveram envolvidos no esquema de propina nas
diretorias da estatal para beneficiar partidos com 3% do valor dos contratos
com empreiteiras. Cerveró, que comandava uma das diretorias citadas, negou
saber e participar de corrupção na Petrobras. "O senhor não poderia me
deixar aqui nessa situação constrangedora. Mas algumas dezenas de políticos
participaram", disse Costa, sem fornecer mais detalhes a respeito. Marcada por
discordâncias entre os depoentes, que mantiveram os discursos já conhecidos a
respeito dos desvios na empresa – Costa ratificando suas denúncias de desvios e
Cerveró as rechaçando –, a sessão de acareação foi encerrada por volta das 18h
pelo presidente Gim Argello sob a justificativa de não haver "amparo
regimental" para a continuidade enquanto estiver em curso a ordem do dia
no Plenário do Senado.
(Último Segundo)