O presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga, disse nesta
terça-feira (2), em evento sobre a crise hídrica em São Paulo, que 2015 poderá
ser ainda mais preocupante que 2014 para o Sistema Cantareira, que operou ontem
com 8,5% da capacidade, 0,2 ponto percentual menor do que na segunda-feira
(1º). Segundo ele, mesmo que chova a média histórica até abril, não será
suficiente para recompor os reservatórios e eliminar o déficit acumulado. A
única medida de curto prazo para enfrentar a crise é reduzir o consumo e rezar
para chover. Para ele, esta é uma oportunidade de ouro para o governo ousar
novamente, como na década de 1980, quando construiu o Sistema Cantareira, e
projetar um novo sistema em grande escala. Criado em 1997 com o objetivo
de estimular boas práticas de gestão de recursos hídricos no mundo, o Conselho
Mundial da Água é a instituição que promove o Fórum Mundial da Água, evento que
vem ganhando cada vez mais repercussão política. O superintendente do
Departamento de Água e Energia Elétrica (Daee), Alceu Segamarchi Júnior, disse
que as afluências no Cantareira somaram 45% da média em novembro e que vem
semanalmente estabelecendo regras operativas do sistema junto a Agência
Nacional de Águas (ANA), com revisão dos volumes armazenados e as retiradas.
“Vamos liberando água na medida do possível, como temos feito nas Bacias PCJ”,
afirmou. Braga avaliou que há, de fato, falta de chuva, mas parte dos problemas
que está levando à crise hídrica está na falta de planejamento de longo prazo.
“São investimentos que deixaram de ser feitos há 40 anos e que precisam ser
retomados. Hoje temos um conjunto de pequenas obras anunciadas pelo Estado, que
aumentam a oferta em 2m3/s aqui, 5m3/s ali, mas que não resolvem o problema.
Precisamos de um sistema em grande escala, como foi o Cantareira”, afirmou.
(IG)