Presidente da Câmara de
Combate à Corrupção do Ministério Público Federal (MPF), órgão criado em 2014
pela Procuradoria-Geral da República especializado na investigação de crimes de
corrupção, o sub-procurador Geral da República Nicolao Dino afirma nesta entrevista
ao iG que, apesar dos sucessivos escândalos da política brasileira, ainda
“causa perplexidade” a existência de um mega-esquema de corrução como o
descoberto pela Operação Lava Jato. A investigação já resultou no indiciamento
de 40 pessoas apenas na sétima fase, que apura o esquema de corrupção que
atingiu a Petrobras. “Causa perplexidade e de certa forma assusta o fato
de existir um mega-esquema de corrupção entranhado nas grandes empresas
nacionais, no símbolo da economia nacional que é a Petrobras”, afirma o
sub-procurador. Ainda como fase das investigações da Lava Jato, pelo
menos 30 políticos já foram citados no inquérito que tramita no Supremo
Tribunal Federal. A tendência é que o procurador-Geral da República, Rodrigo
Janot, peça a abertura dos inquéritos contra os políticos envolvidos no esquema
de corrupção da Petrobras em fevereiro. Para Dino, o Brasil avançou muito no
combate à corrupção nos últimos anos e já há uma mudança de mentalidade no
país. “O povo brasileiro já tem dado sinais inequívocos de que não tolera mais
situações de corrupção”. Apesar disso, ele admitiu que a corrupção no país não
acabaria “como um todo”.
(IG)