A cidadania brasileira está desafiada, mais
uma vez, a viver o necessário discernimento eleitoral, para fazer escolhas
qualificadas nesta domingo (5). Esse exercício é de fundamental importância,
pois serão definidos nomes a ocuparem os cargos eletivos, todos estratégicos
para a condução do país. Não é fácil esse processo de discernimento. A primeira
e importante consideração, necessariamente, é sobre o perfil e a vida de cada
candidato. É difícil encontrar um nome que reúna todos os itens apontados como
indispensáveis para governar e representar bem o poder que pertence ao povo; e
que a ele deve ser devolvido na forma de serviços. Os eleitos precisam ser
pessoas capazes de reconhecer e atender aos anseios da população,
particularmente dos mais pobres. Diante dos critérios a serem observados,
constata-se que processo de qualificada escolha de candidatos é laborioso, mas
isso não pode produzir desânimo.
Nas eleições, o povo tem a chance de compor
um time que, embora possa não alcançar o patamar da seleção sonhada, seja capaz
de produzir avanços na superação urgente de graves problemas, como as
desigualdades sociais. Para isso, é preciso contrabalançar elementos –
trajetória, consistências pessoais, força de liderança, lastro de
representatividade. Essas qualidades, e muitas outras, precisam ser observadas
e identificadas nas pessoas que se submetem ao sufrágio das urnas. Eleger
políticos com perfil marcado pela articulação dessas características é
contribuir para a composição de um quadro, nos governos e parlamentos, com mais
lucidez no trato, defesa e promoção de tudo que é público.
Vale ressaltar que mediocridades são um
veneno terrível que enterra definitivamente as aspirações do povo. Elas corroem
instâncias de grande importância política e social, transformando-as em palcos
de interesses partidários e de grupos. A partir da presença de pessoas
desqualificadas, governos e parlamentos tornam-se marcados por uma visão míope
das urgências da sociedade, agravada pela incapacidade de analisar, escolher e
agir com rapidez. O eleitor não deve “ciscar de cá prá lá e de lá prá cá”, com risco de levar o gigante que é esta nação a adormecer. Bom seria contar com uma série
de nomes cuja dificuldade de escolha residisse na excelência dos muitos perfis,
todos sem senões, com os elementos adequados da vida pessoal, social e
política. Infelizmente não é assim
.
Não é possível, a modo de cartilha, listar todos os
critérios que sirvam de parâmetro para a definição dos perfis ideais de
candidatos. Neste período de preparação que precede a ida às urnas, é cidadania
bem vivida guiar-se também por um razoável tempo de silêncio e confrontos
pessoais para chegar ao nome. Discernimento eleitoral não é simples emoção,
simpatia ou antipatia, cor partidária, mero conhecimento ou amizade pessoal. O
atual momento exige muito mais esforço de cada pessoa. Todos precisam partilhar
a certeza de que a situação social, o desenvolvimento integral e o tratamento
lúcido da sociedade civil estão no que é poder de cada cidadão: o seu
discernimento eleitoral