03 agosto 2014

LOLA BENVENUTTI: "Para mim, ser prostituta é empoderamento"

Na primeira frase do livro O prazer é todo nosso, aquela menina de 22 anos sentada num café na Frei Caneca na tarde de sexta-feira (1º) resume toda sua história: está na prostituição por opção, e não por falta dela. Poderia seguir a carreira para a qual estudou — é formada em Letras pela Universidade Federal de São Carlos (SP) — mas sua vocação mesmo é ser puta. Lola lançará o livro em 11 de agosto, às 18 horas, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista. Está ansiosa. "Eu nunca imaginei [que escreveria um livro]", confessa. Sobretudo um cuja tiragem inicial fosse de 10 mil exemplares — no mercado editorial, uma tiragem regular não passa do terceiro milhar. Lola é uma grande aposta — tão grande que, antes mesmo do título chegar às livrarias, a autora já foi procurada com propostas para levar o livro para o teatro e ao cinema. O convite para lançar um livro surgiu há aproximadamente um ano. Talvez em busca de um novo fenômeno à la Bruna Surfistinha (comparação que não agrada a Lola), surgiram editoras — no plural — com propostas de livros. "Me ofereceram, inclusive, ghost-writer. Mas se eu aceitasse, estaria assinando atestado de burrice", comenta a menina formada em Letras. Entre fragmentos de sua vida pessoal (como a relação com os pais depois que sua vida de prostituta ganhou manchetes) e casos de sua rotina profissional (como a vez em que um cara pediu a Lola que lhe fizesse um fio-terra), Lola escreveu quase 200 páginas. Com elas, busca ajudar as pessoas a entender a escolha que fez e, "talvez, até a si mesmas". Sobre agressões a prostitutas, ela falou que partem, inclusive, de mulheres que se dedicam a lutar pelo feminismo. Para Lola, existe uma certa opressão exercida por elas. "Uns dias atrás eu fui em um debate na USP sobre prostituição na Copa. Fui com uma amiga travesti — ela estava participando; eu fui como ouvinte", lembra Lola. "Saí de lá indignada! Esse pessoal falando que 'toda puta é um objeto'. Para mim, [ser puta] é empoderamento. Ser feminista é definir as próprias regras, é ser dona do próprio corpo, e eu sou dona do meu. 'Eu sou puta e sou feminista', como diria Gabriela Leite [prostituta e socióloga que idealizou a ONG Davida e a grife Daspu, falecida em 2013]."
(brasilpost)
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