Dando munição ao discurso do aliado e candidato tucano à
Presidência, o senador Aécio Neves, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) quer
colar no Palácio do Planalto a responsabilidade por problemas que têm sido
alvos de críticas em sua gestão, em áreas como saúde e segurança. O candidato à
reeleição ao governo de São Paulo quer colocar na conta da administração Dilma
Rousseff até as incoerências entre os partidos reunidos na coligação que
sustenta a candidatura dele. “O Brasil não produz crack e cocaína e virou o
maior consumidor mundial. Aqui produzimos soja, milho, carne, etc... Se não
produzimos, como é que entra?”, indagou Alckmin na última segunda-feira (04),
ao ser questionado sobre a violência no estado governado por seu partido há 20
anos. O candidato relacionou a fragilidade da segurança ao tráfico de drogas e
à lavagem de dinheiro, que são responsabilidades do governo federal. “Precisa
polícia de fronteira”, recomendou. Alckmin fez a afirmação durante sabatina na
sede do jornal O Estado de S. Paulo. Na entrevista, que durou 60 minutos, o
governador passou 18 minuto tentando explicar a crise hídrica, que tem deixado
São Paulo sobre constante ameaça de racionamento. Responsável por quase metade
das duas décadas em que os tucanos estão no poder no Estado, Alckmin tentou
culpar o governo do PT em várias questões, mesmo em denúncias como a do cartel de trens Alstom/Siemens, que
atingiu mais fortemente o PSDB. “O Cade (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica) nunca levantou nada”, apontou o governador. Alckmin disse que soube
das denúncias três meses depois da abertura das investigações, mas afirmou que
o assunto só chegou ao Governo Federal graças à “delação premiada” da Siemens.
Sugerindo uso político do fato, mas sem citar nomes, Alckmin lembrou que a
empresa também vendia produtos em energia e saúde para outros governos quando a
acusação de cartel foi deflagrada mirando os tucanos paulistas. “Defendo a
verdade absoluta, sem vazamento, com transparência.”
(IG)