17 maio 2014

Ausência de creches aumenta desigualdade social

Os números do programa federal que financia a construção de creches em todo o País revelam mais do que a lentidão de um processo que prometia se concretizar em quatro anos. Eles apontam a continuidade de um futuro perverso para as crianças que não podem usufruir da educação infantil. Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, lembra que os filhos das famílias mais ricas têm acesso à educação infantil, ao contrário das famílias mais pobres. “Quem está na fila são pessoas que não tem condição de pagar por isso”, comenta. Para ele, a avaliação de que essa etapa escolar combate a desigualdade é correta. “Em última instância, a falta de vagas em creches reproduz e acentua essa desigualdade social, levada por gerações.” A presidente Dilma Rousseff prometeu priorizar a primeira etapa educacional durante a campanha presidencial e construir 6 mil novas creches. De fato, desde que assumiu o cargo, passou a investir mais recursos que os dirigentes anteriores no setor e construiu mais unidades. Porém, o número de obras prontas – que já seriam insuficientes mesmo que todas estivessem recebendo alunos – mostra que a promessa está longe de ser cumprida. Das 6 mil unidades prometidas por Dilma ao assumir o cargo em 2011, apenas 417 já podem receber crianças. Outras 1.649 unidades de educação infantil foram concluídas desde então, mas 1.232 delas foram autorizadas ainda na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre 2007 e 2010, ele autorizou 2.285 creches, mas só concluiu 22 antes de sua saída.
(Último Segundo)
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