A assessoria de comunicação do prefeito Daniel
Camargo gerou um bom material para leitura. Falou-se bastante em balanço de
prestação de contas dos 100 dias de governo. Recebi o material via e-mail
e tive o cuidado de ler e reler. Desculpem a ousadia, mas de balanço tem
muito pouco. Trata-se de uma carta de “boas” intenções, porque quase tudo fica
por conta da conjugação do verbo no futuro.
Ao assumir, o prefeito recebeu uma herança
bendita, pois seu esteio eleitoral não poderia sequer ser suspeito de lhe ter
transmitido uma herança maldita.
No informe dos 100 dias de governo, o prefeito
anuncia 13 milhões em obras para este ano. Isso diz quase tudo. Produziram um
material muito semelhante ao programa de governo que o então candidato
registrou no Tribunal Superior Eleitoral. Fica na base do eu pretendo, eu vou.
Aliás, isso dá um bom tema para samba-enredo.
Levou esses 100 dias para levantar problemas. Já
não os tinha constatado enquanto candidato e membro ativo número 1 da
administração que sucedeu? Aliás, problemas não existiam, segundo alardearam o
tempo todo nos palanques de campanha. Bastava então, apenas seguir em frente.
Excetuando o rotineiro de qualquer administração
pública, portanto nada de especial ou impactante, os 100 dias de governo
geraram, dentre outros episódios, o seguinte:
Em entrevista ao Jornal da Cidade, de Bauru, o
prefeito falou de um déficit habitacional de 750 casas populares e disse que
pretende construir 1.000 unidades habitacionais em quatro aos. Mas o seu
programa de governo para o setor habitação, registrado no ano passado é textual
e o contradiz: “Para 2013 JÁ CONQUISTAMOS 1.000 casas do programa
Minha Casa Minha Vida e CDHU e mais 440 lotes aprovados para a construção
de novas moradias e iremos ampliar essas conquistas." Agora, o prefeito
recua, e afirma que o município vai construir apenas 142 habitações para 2013.
Quanto aos “voluntários” municipais, foram
escolhidos a dedo exatamente os que o Ministério Público recomendou fossem
demitidos. O conceito de voluntário se inverteu. Ou seja, o voluntariado de
agora tem a garantia de que será compensado com o ingresso na folha de
pagamento de amanhã. E assim, os demitidos “voluntários” continuam em seus
postos de chefia, de mando e de comando, como se servidores fossem.
Boa parte dos funcionários da prefeitura continua
registrada em carteira com um vergonhoso piso salarial bem menor que o salário
mínimo nacional, que vai gerar a eles perdas futuras.
Por obra e graça da prefeitura de Pederneiras, que
não havia apresentado ao Estado documentos necessários ao complemento
processual, repasse de recurso foi retardado; uma creche escola, que já deveria
estar atendendo 150 crianças, sequer teve as obras iniciadas, enquanto que em
outras cidades da região que assinaram o mesmo termo de adesão, já estão em
funcionamento.
Transparência
é algo que está distante ainda da atual administração. Para mencionar alguns
casos que caracterizam essa afirmação, o executivo tem instruído sua bancada de
vereadores a rejeitar requerimentos de informação, como se tivesse algo a
esconder; o site oficial não disponibilizou, em nenhum momento, a lista dos
cargos de confiança com os nomes de quem os ocupou até final de março; no
episodio da suspensão de alunos do Senai/Bauru, ao invés de interferir, apurar,
porque afinal é ela (prefeitura) que banca um contrato de R$ 830 mil,
silenciou, preferindo apenas e muitos dias após, emitir um singelo ´não tive
nada com isso`.
Em
plena véspera do feriado de 29 de março, numa quinta-feira, sem qualquer
comunicado prévio, os serviços públicos municipais foram totalmente paralisados,
o que fez lembrar os pontos facultativos "saco de maldades"
decretados pela sua antecessora. E a população bateu novamente com a cara nas
portas da sede da prefeitura, dos postos de saúde, das escolas e dos demais
serviços municipais, todas literalmente fechadas.
Uma coisa é certa: Daniel Camargo é o prefeito de
Pederneiras. E amanhã - como diz o poeta - tudo pode acontecer, inclusive nada. Boa sorte, prefeito!
Reginaldo Monteiro
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