27 março 2013

PEDERNEIRAS: A verdade tem face (Contrato ilegal, prefeito condenado) – Final


No exercício do mandato de vereador, em 1994, propus, com o apoio de alguns outros colegas, uma Comissão Especial de Inquérito para apurar a contratação do Instituto de Defesa do Consumidor (IDECON), pela então administração municipal do PV em Pederneiras. Mergulhei de corpo e alma nessa investigação. Tratava-se de uma questão de honra, para além das responsabilidades da vereança.

Durante a investigação, contatei que o ato contratual infringiu dispositivos legais: não houve licitação, e  Cr$ 151.280.000,00 (moeda da época) havia sido pago de forma antecipada ao IDECON. Esse valor ultrapassava em muito o limite de Cr$ 30.233,00 (também em moeda da época), estabelecido por portaria federal para a dispensa do processo licitatório. O contrato esbarrou ainda no Decreto Lei 2.300/86, porque o IDECON não possuía notoriedade,  considerando que havia outras entidades e empresas com o mesmo perfil e adequação para a prestação do serviço.

Descobri também que esse tal de IDECON havia abandonado os mutuários/clientes à própria sorte e desistido da ação que ingressara. Descobri ainda que esse “instituto” apropriou-se indebitamente (roubou) os valores em dinheiro entregues pelos mutuários para depósitos judiciais em ação de consignação em pagamento.

Uma ação popular foi decidida pelo juízo da Comarca de Pederneiras no ano de 2005 e, da decisão, tanto o então prefeito do PV, quanto o titular do IDECON foram condenados a devolver aos cofres municipais o dinheiro despendido com um contrato ilegal e inútil. 

O prefeito ainda foi enquadrado por improbidade administrativa, proibido de se candidatar por um período, também impedido de exercer função pública e de contratar com o poder público ainda que como sócio de empresa.

Duvido muito que essa REALIDADE HISTÓRICA (Primeira Comissão Especial de Inquérito da Câmara Municipal de Pederneiras; primeira condenação de um prefeito pederneirense por improbidade administrativa), esteja disponível no acervo da “nossa biblioteca” [biblioteca municipal]. E olha que há extensas matérias do Jornal Roteiro sobre esse rumoroso e escabroso “Caso Idecon”.


Reginaldo Monteiro
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