Azar ou sorte? Tudo depende das coisas acontecerem do modo como queremos ou planejamos. Será? Para quem é supersticioso, todo dia é misterioso e tem uma “atmosfera” de sexta-feira 13, já para quem não acredita nas crendices populares, o sexto dia da semana é apenas uma data como outra qualquer. Diferente ou não, o JC foi às ruas de Bauru saber quem leva a melhor: a razão ou a superstição.
Na manhã de ontem, a equipe de reportagem do JC instalou na calçada da quadra 14 da avenida Rodrigues Alves uma escada para testar a reação dos pedestres. Das seis pessoas que passaram por ali, todas acabaram desviando da escada, mesmo alegando não acreditarem em superstições.
As amigas Vanessa Souza, 17 anos, e Laís Maria Francisco, 20 anos, foram as primeiras a mudar a rota. Ao serem questionadas se acreditavam na superstição de que passar por debaixo da escada traria azar, as jovens desafiaram a jornalista e fizeram o caminho de volta. “Só desviamos porque achamos que iríamos atrapalhar passando ali em baixo, mas podemos voltar e passar por ela”, reforçaram as amigas, que afirmam não acreditar em crendices.
Para a auxiliar de galvanoplastia, Eliane Salles, 42 anos, azar ou sorte acontecem independentemente do dia ou da superstição. Entretanto, mesmo não acreditando, ela não se arriscou a passar por debaixo da escada. A mesma opinião é dividida pelo operador de escavadeira Ricardo Vito Bueno, 30 anos, que explica ter desviado da escada por segurança.
O professor de história Eloi Paim também evitou a travessia. “Não acredito na superstição, desviei da escada por cautela. Sou cristão e não acredito nessas histórias de que gato preto e escada trazem azar”, completa o pedestre.
Já o aposentado Yoshitaka Yamada, 62 anos, confessou ter desviado por acreditar que a escada poderia trazer azar para o dia. “Eu prefiro não arriscar. Acredito nas superstições e fujo das escadas”, ressalta.
Controle
A professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e pesquisadora do assunto Dalva Aleixo explica que a superstição nada mais é do que um artifício usado pelos antigos para educar, controlar e alertar as crianças sobre certos perigos ou coisas indesejadas.
“Quebrar um espelho, por exemplo, poderia cortar e machucar, então eles diziam que daria azar para que a criança ficasse com medo e se afastasse do objeto. A mesma coisa acontece com a escada, passar por debaixo dela pode ser perigoso e envolver riscos, por isso, o azar”, ressalta.
Segundo ela, até mesmo no meio artístico é possível observar as atitudes de algumas pessoas supersticiosas. “No mundo da arte e das encenações essas coisas são comuns. O Roberto Carlos, por exemplo, só usa roupa azul por achar que traz sorte. O marrom, que é a ‘cor do azar’, ele não usa nunca”, lembra a pesquisadora.
A origem da data
Marcada por diversas superstições, nesta data é dificil quem não se lembre das cenas aterrorizantes do cinema protagonizadas pelo serial killer Jason Voorhees na série “Sexta-feira 13”.
Mas o sentido da data, que pregaria o azar, tem diferentes hipóteses e origens.
Uma das mais conhecidas explicações sobre a ‘maldição’ seria de que Jesus Cristo foi perseguido justamente no encontro de uma sexta-feira com o dia 13 do calendário. Além disso, o considerado Salvador pelas religiões cristãs celebrou uma ceia antes de sua morte com a participação de 13 pessoas. Mais antigo que isso, porém, são as duas versões que provêm de lendas da mitologia nórdica. Na primeira delas, conta-se que houve um banquete e 12 deuses foram convidados. Loki, espírito do mal e da discórdia, apareceu sem ser chamado e armou uma briga que terminou com a morte de Balder, o favorito dos deuses.
Outra lenda diz que, com a conversão das tribos nórdicas e alemães ao cristianismo, a deusa do amor e da beleza, Friga, foi transformada em bruxa e passou a se reunir, todas as sextas, com outras 11 bruxas e o demônio, rogando pragas para os humanos.
Dia de renovar as energias
A sexta-feira 13 é diabólica para algumas pessoas, assim como a Sexta-feira Santa é considerada sagrada para outras. No candomblé, por exemplo, neste dia é feito tributo a Exu, uma divindade da religião que possuiria as chaves do céu e da terra. O ano de 2012, marcado como o ano do fim dos tempos, registrará três sextas-feiras na data 13 e todas elas acontecerão em um período de seis meses. A primeira foi em janeiro e a próxima será em julho. Em 2011 o ano registrou apenas um dia com esta data.
De acordo com a professora e pesquisadora Dalva Aleixo, a sexta-feira deve ser aproveitada para reflexões e descanso por ser um dia de liberação de uma grande carga de energia na terra. “Essa é a data em que as pessoas iniciam a preparação para o descanso da vida profana diária”, completa a pesquisadora.
‘Passar na escada me fez perder um jogo’, afirma jogador de futebol amador
Um história diferente e intrigante envolvendo a travessia de escadas aconteceu com o conferente de uma loja de material de construção de Bauru, André Luiz da Silva, 28 anos. Há alguns anos, o rapaz, que era jogador de futebol armador, relata que minutos antes de uma partida acabou passando por debaixo de uma escada para brincar com os colegas. Ao provar que tal ato não traria azar para o time, o enredo da história mudou e a partida acabou sendo uma das piores já disputadas pela equipe.
“Amarramos a chuteira direita primeiro, entramos com o pé direito na quadra, mas no meio do caminho tinha uma escada e eles me desafiaram. Eu passei! O resultado disso foi um trauma. Eu não consegui jogar nesse dia e perdemos de goleada. Ninguém entendeu nada, mas eu acredito que a escada me fez perder o jogo”, relata o rapaz, que após esse dia diz ter trauma e prefere passar longe das escadas.
(JCnet)
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