22 março 2012

REVENDO A HISTÓRIA: A primeira e marcante greve dos servidores municipais

“E a greve aconteceu!”, foi a manchete de primeira página do jornal Roteiro, combativo e importante fonte de informação aos pederneirenses, que tinha o amigo Valdir Mazzo como seu proprietário. Era setembro de 1993.

Aos 102 anos de existência, Pederneiras viu acontecer a primeira greve de servidores municipais de sua história, que parou a categoria à meia noite do dia 21 e se encerrou às 19 horas do dia seguinte, quando finalmente saiu o acordo que colocou fim ao movimento.

Com o integral apoio do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário e Urbano de Lençóis Paulista e Região, respaldado pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Pederneiras, esgotadas as tentativas possíveis de negociação, os servidores deflagraram a greve após assembleia da categoria.

A administração municipal, comandada pelo PV naquela oportunidade, subestimou o movimento, não acreditando na capacidade de organização e mobilização daqueles bravos e bravas guerreiros e guerreiras.

Os servidores em greve saíram em passeata pela cidade, exibindo faixas e cartazes que também marcaram o movimento, dentre as quais destacamos: “Estamos em greve por melhores salários” e “Servidores municipais não aguentam mais salário de fome”.

O tema musical escolhido para a passeata tinha um forte significado de frustração e decepção políticas. Dizia o refrão: “Existe muita gente por aí passando fome. Bem feito! Quem mandou votá no home?”.

Numa sessão memorável, com a galeria da câmara tomada por funcionários municipais, moção de minha autoria foi votada, hipotecando solidariedade ao movimento e sugerindo ao executivo que considerasse o pleito dos servidores justo e oportuno. Aquela proposição trazia assinaturas de apoio dos então vereadores José Maturana Corral (o Zinho), João Vermelho, Maria Helena de Pontes Pariz e Cícero Tavares Nunes.

A força e a disposição demonstradas na batalha fizeram curvar a coluna da administração verde, que os tratava com muita dureza. A proposta imposta pelo executivo e rejeitada pelos servidores era de apenas a inflação do mês, mais 3%. A dos servidores, que venceu a dureza, foi de 50% de aumento salarial, mais cesta básica, e reajustes mensais e sequentes até dezembro daquele ano, igual à inflação mensal cheia.


Reginaldo Monteiro

Compartilhar:

Outras postagens

0 comments:

Postar um comentário

Copyright © 2025 Blog do Monteiro | Powered by Blogger
Design by SimpleWpThemes | Blogger Theme by NewBloggerThemes.com