“E a greve
aconteceu!”, foi a manchete de primeira página do jornal Roteiro, combativo e
importante fonte de informação aos pederneirenses, que tinha o amigo Valdir
Mazzo como seu proprietário. Era setembro de 1993.
Aos 102
anos de existência, Pederneiras viu acontecer a primeira greve de servidores
municipais de sua história, que parou a categoria à meia noite do dia 21 e se
encerrou às 19 horas do dia seguinte, quando finalmente saiu o acordo que
colocou fim ao movimento.
Com o
integral apoio do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte
Rodoviário e Urbano de Lençóis Paulista e Região, respaldado pelo Sindicato dos
Servidores Municipais de Pederneiras, esgotadas as tentativas possíveis de
negociação, os servidores deflagraram a greve após assembleia da categoria.
A
administração municipal, comandada pelo PV naquela oportunidade, subestimou o
movimento, não acreditando na capacidade de organização e mobilização daqueles
bravos e bravas guerreiros e guerreiras.
Os
servidores em greve saíram em passeata pela cidade, exibindo faixas e cartazes
que também marcaram o movimento, dentre as quais destacamos: “Estamos em greve
por melhores salários” e “Servidores municipais não aguentam mais salário de
fome”.
O tema
musical escolhido para a passeata tinha um forte significado de frustração e
decepção políticas. Dizia o refrão: “Existe muita gente por aí passando fome.
Bem feito! Quem mandou votá no home?”.
Numa
sessão memorável, com a galeria da câmara tomada por funcionários municipais,
moção de minha autoria foi votada, hipotecando solidariedade ao movimento e
sugerindo ao executivo que considerasse o pleito dos servidores justo e
oportuno. Aquela proposição trazia assinaturas de apoio dos então vereadores
José Maturana Corral (o Zinho), João Vermelho, Maria Helena de Pontes Pariz e
Cícero Tavares Nunes.
A força e
a disposição demonstradas na batalha fizeram curvar a coluna da administração
verde, que os tratava com muita dureza. A proposta imposta pelo executivo e
rejeitada pelos servidores era de apenas a inflação do mês, mais 3%. A dos
servidores, que venceu a dureza, foi de 50% de aumento salarial, mais cesta
básica, e reajustes mensais e sequentes até dezembro daquele ano, igual à
inflação mensal cheia.
Reginaldo Monteiro
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