Enquanto a ação conjunta da polícia fez com que os números de roubos e homicídios diminuíssem em Bauru (leia mais abaixo), as estatísticas da Coordenadoria de Análise e Planejamento (CAP) da Secretaria da Segurança Pública (SSP) apontam uma triste realidade: a cidade fica cada vez mais de “pavio curto”. Segundo o levantamento mais recente - referente a fevereiro -, a quantidade de tentativas de homicídio aumentou tanto em relação ao mês anterior quanto ao mesmo período de 2011. O mesmo ocorre com as lesões corporais dolosas.
De acordo com os dados divulgados ontem, foram sete tentativas de assassinato no mês de fevereiro, enquanto, em janeiro foi registrada somente uma. Assim, este ano já soma oito ocorrências, número duas vezes maior do que o mesmo período de 2011.
Ainda de acordo com as estatísticas da SSP, o mesmo ocorre em relação às lesões corporais dolosas - aquelas em que fica comprovada a intenção de machucar, porém, não a de matar. Em fevereiro de 2012, foram 193 casos, frente aos 184 registros do mês anterior.
Juntos, os dois meses já somam 377 ocorrências, enquanto, no mesmo período do ano passado, foram 294 casos: aumento equivalente a cerca de 30%.
O crescimento destes dois tipos de crimes preocupa tanto a Polícia Militar (PM) quanto a Civil. Para ambas as instituições, a explicação é uma só: a agressividade das pessoas está aumentando.
“Vivemos uma época em que o respeito à lei e ao próximo está se modificando. Parece que alguns pontos, como o próprio valor à vida, estão ficando cada vez menores”, aponta o major Flávio Jun Kitazume, coordenador operacional do 4.º Batalhão da Polícia Militar do Interior (4.º BPM-I).
Ele explica que, por conta desta postura, a PM intensificou alguns procedimentos, principalmente em relação às armas brancas. “A arma branca, como facas, por exemplo, não tem tanta importância para a tipificação criminal. Porém, é algo que estamos apreendendo muito. E estamos fazendo isto justamente para tirar das mãos de possíveis agressores e evitar casos mais graves”, complementa.
Banalização da vida
Também para a Polícia Civil, estes fatos significam uma mudança de comportamento preocupante. “Hoje, parece que vivemos uma banalização da vida. Vemos casos em que qualquer briga se transforma em uma tragédia”, aponta o titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), Kleber Granja.
Apesar dos dados divulgados ontem não contabilizarem março, a quantidade de tentativas de homicídio e lesões corporais dolosas deve continuar crescendo. Durante este mês foram vários registros, principalmente envolvendo brigas de casais e entre familiares.
Em um intervalo de poucos dias, a polícia registrou a briga de dois irmãos - com idades de 16 e 12 anos - que terminou no Pronto-Socorro Central (PSC), outra confusão fraterna que culminou em facadas e um homem que foi socorrido com um faca, no abdome, cravada pelo próprio sogro.
Outro agravante que o delegado Kleber Granja atribui para este comportamento é o próprio período do ano. “Nesta época de calor, ocorre realmente um aumento deste tipo de ocorrência. O pessoal abusa muito da bebida alcoólica e isto potencializa muito um comportamento agressivo”, completa o titular da DIG.
Ação policial diminui assassinatos e estupros
Apesar de os dados mostrarem que a agressividade e a impaciência das pessoas está aumentando, os homicídios reduziram significativamente. De acordo com as estatísticas divulgadas ontem pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), Bauru teve dois assassinatos este ano. O número representa uma diminuição de mais de 70% em relação aos sete registrados nos primeiros dois meses de 2011.
O roubo, outro crime que preocupa bastante pela ameaça à vida, também apresentou leve diminuição. Foram 165 no primeiro bimestre de 2011 e 149 até agora. Já os roubos especificamente de veículos tiveram maior índice de redução. Em 2012, são oito casos, número menor que a metade dos 17 roubados nos dois primeiros meses do ano anterior (leia mais na página 18).
Para o titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), Kleber Granja, os índices em declive se referem à atuação policial intensa. “É um conjunto de fatores. A identificação quase que em tempo real de autores homicídios é um grande fator inibidor. Os criminosos não se enxergam mais impunes”.
Já Flávio Kitazume, da Polícia Militar (PM), aponta o trabalho preventivo e a capacidade de conseguir identificar perfis de criminosos e o modo de operação. “Tanto nos casos de roubos quanto nos homicídios, trabalhamos para identificar questões como perfil de um provável autor, localidade, meios, entre outros. Assim, conseguimos coibir a ação”, aponta.
Tanto a Civil quanto a PM destacam ainda a prisão de “figurões” que cometiam muitos crimes na cidade como fator de diminuição das estatísticas.
Outro crime bastante preocupante são os estupros, que também apresentaram amplo declive nos índices absolutas entre os primeiros bimestres de 2011 e 2012. De 23 diminuíram para 16 ocorrências, uma redução de 30%.
500%
Outro item que apontou grande crescimento, segundo os dados divulgados ontem, foram os homicídios culposos - quando não há intenção de matar - no trânsito. No primeiro bimestre de 2011, foi apenas uma ocorrência.
Em 2012, já são seis casos de mortes no trânsito bauruense. O aumento de cinco vítimas fatais já amplia em 500% esta estatística preocupante.
Na região
E não foi só Bauru que apresentou redução nos índices de assassinatos e roubos de veículos. A região também teve uma queda significativa nestes dois tipos de crimes.
De acordo com os dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP), foram 41,86% roubos de veículos a menos.
Já analisando os últimos 12 meses, a região teve uma redução de 15,09% nos homicídios. Foram 135 casos, 24 a menos que entre março de 2010 e fevereiro de 2011.
(Fonte: JCnet)
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