Jornais estrangeiros dedicaram nesta sexta-feira (13) espaço em
seus editoriais para falar da situação política no Brasil, um dia após Michel
Temer assumir interinamente a Presidência da República. O americano The New
York Times afirma que a presidente afastada Dilma Rousseff paga um preço
“desproporcionalmente alto” por erros administrativos que cometeu, enquanto
vários de seus maiores detratores são acusados de crimes mais flagrantes.
Os britânicos Financial Times e The Guardian trouxeram visões diferentes
sobre o processo de impeachment. O FT qualificou o afastamento como “longe de
ser perfeito”, mas destacou que, se Michel Temer conseguir colocar a economia
de volta aos trilhos e continuar com a luta contra a corrupção, “deixará um
legado considerável”. Já o Guardian publicou duro editorial, criticando o
processo e avaliando que o sistema político é que deveria ser julgado, e não a
presidente da República. O editorial do FT diz que Temer enfrenta uma “tarefa
assustadora” na Presidência da República com uma crise tripla: econômica, ética
e política. No topo das prioridades, o FT diz que está a situação da economia.
A nomeação de Henrique Meirelles para o Ministério da Fazenda e o rumor de que
Ilan Goldfajn pode ir para o Banco Central são “encorajadores”, diz o jornal,
que avalia a equipe econômica como “digna de confiança”. Sobre a crise ética, o
FT lembra que a Operação Lava Jato pesa sobre boa parte do Congresso e até
sobre o próprio Temer. Por isso, o editorial defende que o presidente em
exercício “deve permitir que as investigações continuem seu curso”. Ao
reconhecer a controvérsia sobre a argumentação jurídica que baseia o processo
de impeachment, o FT afirma que o resultado do desdobramento da crise política
visto “está longe de ser perfeito”.
(Último Segundo)