A sinalização clara do resultado da licitação pública para a concessão do transporte
coletivo de Pederneiras, feita pelo prefeito Camargo (PSB) no último dia 14, ao
que se imagina, antes da adjudicação (após o julgamento das propostas) e da
homologação (após a fase de julgamento, adjudicação e decorridos todos
os prazos de recurso, a confirmação da validade do procedimento), embora haja doutrinadores
não simpatizantes dessa sequencia, coloca uma grande indagação na cabeça de
todos.
Feito pessoalmente pelo alcaide em
programa de rádio, o afogadilho do anuncio sem que o procedimento licitatório
esteja encerrado – como ele próprio declarou -, não
deveria passar em branco. Afinal, nada mais nada menos que o próprio gestor
público (autoridade superior) foi quem vazou a informação, o que torna
ainda mais grave a situação.
Embora não haja
apenas uma empresa na corrida pela disputa da concessão do transporte coletivo
do município, que poderá perdurar por muitos anos, afirmou o prefeito: "Estamos encerrando, vamos ter prazo ai
pra recurso, pra julgamento, mas acredito que a gente não vai ter mais problema
nenhum. Então, provavelmente em breve a gente assina o contrato com a empresa
Jauense, pra ficar definitivamente essa empresa na cidade de
Pederneiras...".
Pode-se imaginar, sem qualquer esforço para
interpretar, que a empresa vendedora do certame é a Auto Viação Jauense. Daí que não investigado e não devidamente
esclarecido, o vazamento coloca a licitação sob suspeita. Fazer e deixar de
qualquer jeito dá no que deu com a empresa que explorou o transporte coletivo
por longo tempo e diga-se, proporcionando um serviço de má qualidade, com unidades
de transporte em péssimas condições. No frigir dos ovos, quem paga sempre é o
povo.
Diante da gravidade que as palavras do
prefeito trouxeram ao tema, o razoável é aguardar que a prefeitura, a câmara municipal ou Ministério Público Estadual se pronunciem. Se dissesse respeito ao governo federal ou o governo estadual, o ferro e o fogo estavam a todo vapor. Mas neste caso e até aqui, é o silêncio que se faz presente.
Reginaldo Monteiro