“Meu, alguém se jogou aqui
no vão externo do prédio.” Essa mensagem, enviada por WhatsApp no dia 29 de
junho de 2022, assustou servidores do Ministério Público de São Paulo (MPSP) que trabalham no edifício-sede da instituição,
no centro da capital
paulista. Era uma quarta-feira e passava das 17h. Momentos antes, um
analista jurídico de 48 anos havia abandonado a sua mesa de trabalho e se
atirado do 13º andar. Entre relatos de quem viu um vulto caindo pela
janela e o choque daqueles que se aglomeraram no subsolo do prédio, próximo ao
local em que o corpo foi encontrado sem vida, um grupo expressivo de
funcionários tinha certeza de que era questão de tempo para que uma fatalidade
como aquela acontecesse. O suicídio foi tratado como um fato isolado pelo
comando do MPSP, que divulgou nota de pesar no dia seguinte. Menos
de um ano depois, contudo, outros dois servidores se mataram. Ambos
os casos ocorrerem em um intervalo inferior a 24 horas, entre os dias 10 e 11
de maio deste ano. Os servidores eram um diretor de engenharia que estava
afastado do trabalho com diagnóstico de depressão e um motorista que tirou a
própria vida durante o expediente, dentro de uma caminhonete do Ministério
Público. Horas depois, um terceiro servidor foi impedido pela polícia de se
jogar de um viaduto próximo à sede do MPSP,
na Rua Riachuelo, após mandar um vídeo de despedida para a família. A sequência
de episódios motivou a criação de um movimento batizado “Nenhum Servidor a
Menos”, um protesto de funcionários em frente ao prédio-sede do Ministério
Público paulista e uma audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo
(Alesp).
Para o grupo, as tragédias são consequências diretas do que classificam como
“cultura de assédio”, tanto moral quanto sexual, que vigora dentro da
instituição que tem como principal função defender os direitos sociais e
individuais dos cidadãos, combatendo, inclusive, esse tipo de abuso.
(Metropoles)
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