De 2019 a 2022, Jair Bolsonaro exercitou à frente da Presidência
da República um comportamento nunca visto por parte dos outros ocupantes do
cargo. Confirmando sua índole — que alguns imaginavam que seria domada pelos
assessores —, o ex-presidente deu demonstrações diárias de grosseria, machismo,
homofobia, mentiras e incentivo à truculência policial. Esse estilo tosco de
encarar o mundo inspirou réplicas em muitos setores da sociedade brasileira. Na
TV, a mais fiel tradução do bolsonarismo é o apresentador Sikêra Jr., um
personagem estridente, que de segunda a sexta apresenta na Rede TV! um show de
baixarias a título de programa de notícias policiais. Ontem, a emissora
anunciou que o programa de Sikêra Jr. vai sair do ar. Nos próximos dias, os
telespectadores estarão livres dessa dose diária de barbárie televisiva. Com a
derrota de Bolsonaro, o programa e a emissora perderam patrocinadores estatais
e uma campanha do Sleeping Giants Brasil espantou os anunciantes privados que
restaram. É um alívio. Entre outros absurdos, Sikêra Jr. se referiu aos
homossexuais como "raça desgraçada" e disse a seguinte frase:
"já pensou ter um filho viado e não poder matar?". Houve bizarrices
de todos os tipos. Que Sikêra Jr. e seu inspirador, o ex-presidente, guardem
para si as suas baixarias.
(Chico Alves-UOL)
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