27 julho 2022

Negacionismo eleitoral: Bolsonaro está conseguindo formar uma inédita frente ampla contra si mesmo

O nome de Jair Bolsonaro (PL) não aparece na carta em defesa da democracia, divulgada pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), a famosa São Francisco. Mas é dele que fala esse manifesto em defesa do sistema eleitoral e das regras da nossa democracia. A carta tem uma expressiva adesão de personalidades dos mais variados segmentos e correntes políticas. A carta se inspira num documento de 1977, também organizado pela Faculdade de Direito da USP. Naquela ocasião, o texto denunciava a ilegitimidade do regime militar. O paralelo com Bolsonaro hoje é óbvio. Ao invés de uma festa cívica, diz o texto, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática. Perigo que o manifesto atribui aos ataques de Bolsonaro aos outros poderes e à insistência do presidente em desacreditar o sistema eleitoral. A carta manifesto veio a público no mesmo dia em que o secretário de defesa norte-americano, em visita a Brasília, reiterou o recado de Washington cobrando respeito ao sistema eleitoral brasileiro. No mesmo dia em que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, avisou que não vai tolerar negacionismo eleitoral nem autoritarismo, numa clara referência a Bolsonaro. E às vésperas de mais um manifesto, desta vez a cargo de entidades empresariais, cobrando respeito à democracia. Não se sabe o que Bolsonaro vai fazer. Talvez nem mesmo ele saiba. Mas o que está conseguindo é a formação de uma inédita frente ampla contra si mesmo.


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