27 abril 2022

Bolsolão: Pastores lobistas estiveram mais de 100 vezes no MEC e usavam entrada privativa

Os pastores lobistas investigados por atuarem numa espécie de gabinete paralelo no Ministério da Educação estiveram mais de 100 vezes na sede da pasta e no prédio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), durante o governo Jair Bolsonaro. Durante a gestão do ex-ministro Milton Ribeiro, exonerado após a série de reportagens do Estadão, os pastores da Assembleia de Deus Cristo Para Todos Gilmar Santos e Arilton Moura tinham a deferência de usar a "entrada privativa" no MEC. Como revelou o Estadão, os dois tinham acesso direto ao então ministro e chegaram a cobrar propina até em ouro para facilitar a liberação de recursos da educação para prefeitos. Além do gabinete do ministro, eles frequentaram a Secretaria Executiva do MEC, cujo titular era, na ocasião, o atual ministro Victor Godoy, a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica, e a Assessoria de Comunicação Social. Os dados fazem parte dos registros de entrada dos pastores nos edifícios-sede dos órgãos, entre 2019 e 2022, e foram obtidos pelo Estadão por meio da Lei de Acesso à Informação. Embora tenha um cargo secundário na estrutura religiosa da igreja, o assessor de Assuntos Políticos Arilton Moura era o principal agente do esquema em Brasília. Ele esteve 90 vezes na sede do MEC e 21 no FNDE, segundo os registros do governo federal. Moura foi acusado por prefeitos interessados em receber verbas do MEC de solicitar propina em dinheiro e barras de ouro.

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