10 fevereiro 2022

Insegurança alimentar: Brasil das safras recordes enfrenta fome e obesidade

O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, com o agronegócio batendo recordes de produção e de exportações, contribuindo para o saldo positivo da balança comercial. No entanto, o país abriga uma série de contradições, agravadas com a pandemia e que são vistas nos pratos dos brasileiros. Apesar de o Brasil ter uma das maiores áreas cultiváveis do planeta devido ao clima e ao solo favoráveis, 116 milhões de habitantes vivem em situação de insegurança alimentar, o equivalente a 16,8% dos 680 milhões de pessoas no mundo que não conseguem realizar todas as refeições diárias recomendadas por nutricionistas. E, ao mesmo tempo em que 19 milhões de cidadãos no país passam fome, 26,8% da população adulta sofrem de obesidade devido à alimentação baseada em produtos baratos, ultraprocessados ou de pouco valor nutritivo. Antigamente, até mesmo os mais pobres conseguiam se alimentar melhor, porque a refeição principal era de produtos in natura. O prato balanceado tinha arroz, feijão, uma salada e uma proteína como "mistura". Contudo, nos dias de hoje, principalmente devido à inflação seguir em dois dígitos (de 10,38% no acumulado em 12 meses até janeiro, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, divulgados ontem), corroendo o poder de compra das famílias, os alimentos ultraprocessados ou de pouco valor nutritivo, que são mais baratos, ocuparam o lugar de destaque no prato. E, de acordo com especialistas que participaram do Correio Talks Live — Sistemas Alimentares e Desenvolvimento Sustentável, realizado, ontem, pelo Correio Braziliense, em parceria com o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), esse é um dos principais motivos do aumento do número de adultos obesos no país.

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