21 setembro 2020

INFLAÇÃO E PERDA DA RENDA: Alta nos preços impõe troca de carne por ovo e pedido por cesta básica nas redes sociais

Preocupada com a pouca quantidade de alimentos em casa, Leni Liberal Santos, 54, recorreu às redes sociais em busca de uma cesta básica. "Estou desempregada, se tiver alguém que tenha uma cesta básica pra me doar, eu aceito. Obrigada", dizia a publicação com corações rosados ao fundo feita em um grupo que atua com doações na cidade de São Paulo na última quinta (10). Santos mora com o filho de 35 anos e dois netos, de 12 e 9 anos, no bairro Jardim Salete, em Taboão da Serra. Foi a primeira vez que ela precisou pedir alimentos na internet. A situação, que já vinha se complicando desde o começo da pandemia, piorou. "Nos últimos dias não estou fazendo compra, só o necessário. Hoje só tenho arroz e um pouco de óleo, feijão não tem", diz. "Na minha região teve o aumento de tudo, deixei de comprar muitas coisas. Deixei de comprar carne". O desemprego e a perda de renda, agravados pela crise provocada pelo novo coronavírus, aliados à alta de preços dos alimentos básicos tem feito com que muitos moradores das periferias não consigam garantir os itens básicos do dia a dia. Pensionista, Leni ganha um salário mínimo (R$ 1.045) por mês e, por isso, diz não ter recebido o auxílio emergencial. O filho dela, que trabalhava como auxiliar de produção, perdeu o emprego e, apesar das tentativas, não está conseguindo se recolocar. Ela mostra a geladeira e o armário, quase vazios. "Tá vendo como está difícil? No CRAS [Centro de Referência de Assistência Social] recebi uma cesta, mas já acabou. Pago as contas e aí o dinheiro acaba. Conto com a ajuda da minha família também", afirma.


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