O que mais espantou no caso da carteirada que o desembargador
paulista tentou aplicar num guarda municipal da cidade de Santos foi a
desfaçatez. O doutor sabia que estava sendo filmado. Deu de ombros. Parecia
convicto de que, no Brasil, a pior hipótese sempre ganha. Não há semitons no
comportamento do desembargador Eduardo Almeida Prado Rocha de Siqueira, do
Tribunal de Justiça de São Paulo. Nas palavras e nos gestos do doutor, o
inaceitável soa como inaceitável, o sórdido tem cara de sórdido. A estupidez é
visual e sonoramente marcada. Não há semitons no comportamento do desembargador
Eduardo Almeida Prado Rocha de Siqueira, do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Nas palavras e nos gestos do doutor, o inaceitável soa como inaceitável, o
sórdido tem cara de sórdido. A estupidez é visual e sonoramente marcada. A
arrogância caricatural do desembargador produziu uma boa notícia. O elogio é
algo raro no noticiário. Pois o caso de Santos subverteu a ordem natural das
coisas. Chamado de analfabeto no instante em que multava o doutor por não usar
máscara, o guarda Cícero Hilário Roza Neto exibiu comportamento de mostruário. O
Conselho Nacional de Justiça e o Tribunal de Justiça abriram procedimentos para
averiguar o comportamento do desembargador. Pela lei, Eduardo Siqueira pode ser
enquadrado no crime de abuso de autoridade. Pelo Código de Ética da
Magistratura, infringiu o artigo que exige dos magistrados comportamento que
dignifique a função. Os colegas do desembargador não avaliarão apenas se a
arrogância dele deve ser punida ou ignorada. O CNJ e o TJ-SP informarão nos
próximos dias que país somos.
(Trechos extraídos de Josias de Souza, colunista do UOL)
0 comments:
Postar um comentário