30 julho 2020

ENTREVISTA: MP gosta de controlar, mas não quer ser fiscalizado, diz Maia


O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se somou às críticas feitas à operação Lava Jato pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, e afirmou nesta quarta-feira (29) ter a impressão de que o Ministério Público gosta de controlar, mas não quer ser fiscalizado. Um dia antes, Aras disse que a força-tarefa em Curitiba é uma "caixa de segredos". "Não se pode imaginar que uma unidade institucional se faça com segredos, com caixas de segredos", afirmou. Maia, em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, concordou com o procurador-geral e afirmou que houve excessos no Ministério Público. "A crítica que eu faço é exatamente que me dá a impressão muitas vezes que o Ministério Público é um órgão fundamental para o nosso país, para a nossa democracia, para o nosso futuro, para o nosso desenvolvimento... claro, o trabalho que eles fazem é fundamental. Mas a impressão que me dá é que não gostam de ser fiscalizados, muitas vezes", disse. Maia criticou o fato de o procurador-geral, que é responsável por todos os Ministérios Públicos, não ter acesso a informações dentro da estrutura do órgão. Também disse que, ao contrário do que ocorre no CNJ (Conselho Nacional de Justiça), há poucas punições e afastamentos no Ministério Público. Reportagem do jornal Folha de S.Paulo do último domingo (26) mostrou que, criados em 2005 para fiscalizar o trabalho de juízes e promotores, os conselhos Nacional de Justiça e do Ministério Público têm ficado mais marcados neste período pelo arquivamento de casos conhecidos do que por impor penas severas aos profissionais.
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