05 dezembro 2019

APÓS ELEIÇÃO DE BOLSONARO: Casamentos homoafetivos crescem 360% no país


O publicitário Cristiano Bueno, 33, e o estudante de engenharia Gustavo Baldin, 31, se casariam em uma cerimônia ao ar livre, no dia do aniversário de sete anos de namoro, em setembro deste ano. Começaram a se programar quase dois anos antes, mas o desenrolar das eleições de 2018 fez com que eles antecipassem o casamento no civil e se apressassem antes de o ano acabar. Os dois estavam acompanhando as opiniões do então candidato Jair Bolsonaro sobre os direitos LGBTs no país. "Tivemos muito medo de ele interferir nos nossos direitos, nos casamentos igualitários", contou Baldin. Casaram-se em 28 de dezembro de 2018, em Belo Horizonte, e organizaram, em cima da hora, uma festinha, com ajuda de fornecedores mineiros que aderiram à "corrida" no fim do ano. "Além de garantir uma série de questões mais para frente, é um recado político para a sociedade de que nossa família existe", afirmou Bueno. Outros dois casais gays formalizaram a união no mesmo dia, no mesmo cartório. A grande celebração de Bueno e Baldin foi mantida em setembro, com os pais deles entrando com as alianças e um discurso sobre o amor: "Tão jovens, destemidos, mostram que todo amor é bonito e que feio é não amar", narrou a celebrante Flávia Ayer. Destemidos, porém, talvez não seja a palavra mais precisa. Ao longo de 2018, o número de casamentos homoafetivos se multiplicou no Brasil, e a tendência ganhou fôlego após a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência, em outubro, indicam números revelados nesta quarta (4) pelo IBGE. De 674 casamentos entre pessoas do mesmo sexo registrados no mês da eleição, os registros do tipo saltaram para 3.098 em dezembro, um aumento de 360%.
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