08 novembro 2019

PROTAGONISMO: Evangélicos crescem no Brasil, mas a fé cristã diminui


Há muito preconceito, desqualificação, tratamento pejorativo, generalização das críticas relacionadas a um grupo evangélico específico. Não é à toa os evangélicos aparecem como o segundo grupo a sofrer com ela no país, segundo o último relatório oficial sobre intolerância religiosa no Brasil. O que tem se tornado visível são manifestações de lideranças intolerantes, arrogantes e desrespeitosas das diferenças que compõem o tecido da sociedade e todo o segmento evangélico acaba tendo sua imagem atrelada ao que se torna mais evidente.

O áudio que circulou pelas mídias sociais mostrando o deputado federal Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) convocando milícias digitais a atacarem o senador Randolfe Rodrigues (REDE-PE) é o mais recente exemplo. E o ódio que se expressa entre os próprios evangélicos? Nesse caso, importa compreender que este grupo religioso teve um estrondoso crescimento numérico, geográfico e patrimonial desde os anos 90. Evangélicos passaram a ocupar espaços urbanos, mídias tradicionais e mídias digitais, o mercado, o show business.

Os novos fiéis aderiram à fé que lhes foi apresentada. A hegemonia dos grupos pentecostais pautou a pregação baseada na espiritualização e na individualização de todas as dimensões da vida, alcançando fartas audiências.

Ela tem bases na Teologia da Prosperidade (do individualismo, do sucesso e da felicidade pessoal nas finanças, na saúde e na família, a despeito das mazelas da coletividade), na Teologia da Guerra Espiritual (do combate a inimigos que são a encarnação das potestades do mal que impedem a ação de Deus na vida dos indivíduos), na Teologia do Domínio (a cristianização do mundo – governos, inclusive – e o domínio de todas as áreas da vida, pelos fiéis evangélicos), na Teologia da Confissão Positiva (em que os fiéis afirmam que tudo podem realizar e que são “imbatíveis”, vitoriosos, a partir da fé que declaram ter em Deus).

Há muito crescimento evangélico, com a pregação atraente que promove a adaptação dos fiéis à cultura predominante na sociedade (individualismo, competição, comercialização da vida, guerra ao diferente). Em contraposição, vemos a diminuição da fé cristã por meio do desprezo aos valores pregados por Jesus. No entanto, vale registar que é possível, sim, encontrá-los em pequenas sementes espalhadas em comunidades evangélicas invisíveis que se colocam em meio à dor, ao sofrimento, à alegria e à solidariedade Brasil afora. Importa visibilizá-las.

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