Há muito preconceito, desqualificação, tratamento pejorativo,
generalização das críticas relacionadas a um grupo evangélico específico. Não é
à toa os evangélicos aparecem como o segundo grupo a sofrer com ela no país, segundo
o último relatório oficial sobre intolerância religiosa no Brasil. O que tem se tornado visível
são manifestações de lideranças intolerantes, arrogantes e desrespeitosas das
diferenças que compõem o tecido da sociedade e todo o segmento evangélico acaba
tendo sua imagem atrelada ao que se torna mais evidente.
O áudio que circulou pelas mídias sociais mostrando o
deputado federal Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) convocando milícias digitais a
atacarem o senador Randolfe Rodrigues (REDE-PE) é o mais recente exemplo. E o
ódio que se expressa entre os próprios evangélicos? Nesse caso, importa
compreender que este grupo religioso teve um estrondoso crescimento numérico,
geográfico e patrimonial desde os anos 90. Evangélicos passaram a ocupar
espaços urbanos, mídias tradicionais e mídias digitais, o mercado, o show business.
Os novos fiéis aderiram à fé que lhes foi apresentada. A
hegemonia dos grupos pentecostais pautou a pregação baseada na espiritualização
e na individualização de todas as dimensões da vida, alcançando fartas
audiências.
Ela tem bases na Teologia da Prosperidade (do
individualismo, do sucesso e da felicidade pessoal nas finanças, na saúde e na
família, a despeito das mazelas da coletividade), na Teologia da Guerra Espiritual (do combate a
inimigos que são a encarnação das potestades do mal que impedem a ação de Deus
na vida dos indivíduos), na Teologia do Domínio (a
cristianização do mundo – governos, inclusive – e o domínio de todas as áreas
da vida, pelos fiéis evangélicos), na Teologia da Confissão
Positiva (em que os fiéis afirmam que tudo podem
realizar e que são “imbatíveis”, vitoriosos, a partir da fé que declaram ter em
Deus).
Há muito crescimento evangélico, com a pregação atraente que promove a
adaptação dos fiéis à cultura predominante na sociedade (individualismo,
competição, comercialização da vida, guerra ao diferente). Em contraposição,
vemos a diminuição da fé cristã por meio do desprezo aos valores pregados por
Jesus. No entanto, vale registar que é possível, sim, encontrá-los em pequenas
sementes espalhadas em comunidades evangélicas invisíveis que se colocam em
meio à dor, ao sofrimento, à alegria e à solidariedade Brasil afora. Importa
visibilizá-las.
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